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São Paulo, quarta-feira, 02 de abril de 2003

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Dívida da Eletronet pertence à AES, diz Pinguelli


CHICO SANTOS
PEDRO SOARES

DA SUCURSAL DO RIO

O presidente da Eletrobrás, Luiz Pinguelli Rosa, disse ontem que a dívida de R$ 550 milhões da Eletronet, empresa pertencente ao grupo norte-americano AES e à própria Eletrobrás, é totalmente de responsabilidade da AES.
Anteontem o Conselho de Administração da Eletronet decidiu propor que a assembléia, convocada para o próximo dia 14, declare a falência da empresa.
A Eletronet é uma empresa de cabos de fibra óptica criada em 1999. Sua rede de 13 mil quilômetros de cabos acompanha as linhas de transmissão das empresas Furnas, Eletronorte, Eletrosul e Chesf, todas subsidiárias da Eletrobrás. Do capital da Eletronet, 51% são da AES Bandeirante (grupo AES) e 49% são da Lightpar (grupo Eletrobrás).
Segundo Pinguelli Rosa, em 1999, quando a empresa foi criada, foi decidido que o sócio capitalista seria a AES, cabendo à Eletrobrás apenas o papel de ceder suas linhas de transmissão para que os cabos da nova empresa fossem instalados ao longo delas. "A empresa é controlada da AES e a dívida é da AES", afirmou José Eudes, presidente da Lightpar.

Queda-de-braço
Desde setembro do ano passado a Eletronet vem sendo gerido pela Eletrobrás. Segundo Pinguelli Rosa, a estatal assumiu a gestão da empresa de cabos porque a AES deixou de integralizar uma parte do capital da Eletronet, no valor de R$ 12,68 milhões.
O pagamento da parcela está sendo reclamado na Justiça pela Eletronet.
De acordo com o presidente da Eletrobrás, o fato de a estatal ter assumido o controle operacional da Eletronet não tirou da AES a responsabilidade para com os credores da empresa. A dívida da Eletronet é com fornecedores de materiais, especialmente as empresas Furokaua e Lucent.
Segundo a Eletrobrás, a Eletronet tem uma receita operacional de R$ 1,8 milhão por mês e despesas que, incluindo os custos financeiros, somam R$ 6 milhões mensais, o que dá um rombo de R$ 4,2 milhões a cada 30 dias.
Entre seus principais clientes estão grandes empresas de telecomunicações, como a Telemar, a Telefônica e a Intelig. De acordo com a direção da Eletrobrás, a Eletronet poderá seguir oferecendo seus serviços, na condição de massa falida, enquanto se busca uma solução definitiva para ela.

Outro lado
Para a norte-americana AES, a dívida da Eletronet é de responsabilidade de todos os sócios e não só dela. Os pagamentos, portanto, devem ser feitos por todos os acionistas.
A empresa afirmou ainda que a Eletrobrás recebia mensalmente R$ 3 milhões por ceder sua rede de cabos à Eletronet.
A companhia, por intermédio de sua assessoria de imprensa, informou também que já aportou, em quatro vezes, US$ 160 milhões em recursos próprios na Eletronet. Desse total, diz a empresa, só deixou de pagar US$ 3 milhões da última parcela, vencida em setembro de 2002.
Por não ter pago essa quantia, a empresa alega teve de sair da administração direta da Eletronet -hoje, a cargo do outro sócio, a Lightpar (subsidiária da Eletrobrás). Sua participação de 51% na empresa de transmissão de dados está mantida, segundo a AES. Está condicionada, porém, à quitação do débito de US$ 3 milhões.
Quanto ao pedido de falência, a AES informou que não iria se pronunciar. Caberá, diz a companhia, à assembléia de acionistas decidir sobre a questão.


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