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Dívida da Eletronet pertence à AES, diz Pinguelli
CHICO SANTOS
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
O presidente da Eletrobrás, Luiz
Pinguelli Rosa, disse ontem que a
dívida de R$ 550 milhões da Eletronet, empresa pertencente ao
grupo norte-americano AES e à
própria Eletrobrás, é totalmente
de responsabilidade da AES.
Anteontem o Conselho de Administração da Eletronet decidiu
propor que a assembléia, convocada para o próximo dia 14, declare a falência da empresa.
A Eletronet é uma empresa de
cabos de fibra óptica criada em
1999. Sua rede de 13 mil quilômetros de cabos acompanha as linhas de transmissão das empresas Furnas, Eletronorte, Eletrosul
e Chesf, todas subsidiárias da Eletrobrás. Do capital da Eletronet,
51% são da AES Bandeirante
(grupo AES) e 49% são da Lightpar (grupo Eletrobrás).
Segundo Pinguelli Rosa, em
1999, quando a empresa foi criada, foi decidido que o sócio capitalista seria a AES, cabendo à Eletrobrás apenas o papel de ceder
suas linhas de transmissão para
que os cabos da nova empresa
fossem instalados ao longo delas.
"A empresa é controlada da AES e
a dívida é da AES", afirmou José
Eudes, presidente da Lightpar.
Queda-de-braço
Desde setembro do ano passado
a Eletronet vem sendo gerido pela
Eletrobrás. Segundo Pinguelli Rosa, a estatal assumiu a gestão da
empresa de cabos porque a AES
deixou de integralizar uma parte
do capital da Eletronet, no valor
de R$ 12,68 milhões.
O pagamento da parcela está
sendo reclamado na Justiça pela
Eletronet.
De acordo com o presidente da
Eletrobrás, o fato de a estatal ter
assumido o controle operacional
da Eletronet não tirou da AES a
responsabilidade para com os
credores da empresa. A dívida da
Eletronet é com fornecedores de
materiais, especialmente as empresas Furokaua e Lucent.
Segundo a Eletrobrás, a Eletronet tem uma receita operacional
de R$ 1,8 milhão por mês e despesas que, incluindo os custos financeiros, somam R$ 6 milhões mensais, o que dá um rombo de R$ 4,2
milhões a cada 30 dias.
Entre seus principais clientes estão grandes empresas de telecomunicações, como a Telemar, a
Telefônica e a Intelig. De acordo
com a direção da Eletrobrás, a
Eletronet poderá seguir oferecendo seus serviços, na condição de
massa falida, enquanto se busca
uma solução definitiva para ela.
Outro lado
Para a norte-americana AES, a
dívida da Eletronet é de responsabilidade de todos os sócios e não
só dela. Os pagamentos, portanto,
devem ser feitos por todos os
acionistas.
A empresa afirmou ainda que a
Eletrobrás recebia mensalmente
R$ 3 milhões por ceder sua rede
de cabos à Eletronet.
A companhia, por intermédio
de sua assessoria de imprensa, informou também que já aportou,
em quatro vezes, US$ 160 milhões
em recursos próprios na Eletronet. Desse total, diz a empresa, só
deixou de pagar US$ 3 milhões da
última parcela, vencida em setembro de 2002.
Por não ter pago essa quantia, a
empresa alega teve de sair da administração direta da Eletronet
-hoje, a cargo do outro sócio, a
Lightpar (subsidiária da Eletrobrás). Sua participação de 51% na
empresa de transmissão de dados
está mantida, segundo a AES. Está
condicionada, porém, à quitação
do débito de US$ 3 milhões.
Quanto ao pedido de falência, a
AES informou que não iria se pronunciar. Caberá, diz a companhia, à assembléia de acionistas
decidir sobre a questão.
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