São Paulo, sábado, 02 de abril de 2005

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RETOMADA

Exportação supera importação em US$ 8,4 bi de janeiro a março, apesar de real apreciado; EUA e Argentina puxam vendas

Saldo da balança bate recorde no trimestre

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A balança comercial registrou um saldo recorde no primeiro trimestre deste ano, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento. Entre janeiro e março, as exportações brasileiras superaram as importações em US$ 8,319 bilhões, o maior resultado já alcançado nesse período e um crescimento de 35,6% em relação aos primeiros três meses de 2004.
Tanto as exportações quanto as importações bateram recordes no primeiro trimestre, mas foram as vendas para o exterior que apresentaram o aumento mais expressivo.
As exportações ficaram em US$ 24,451 bilhões entre janeiro e março, crescimento de 25,7% em relação a 2004. No mesmo período, as importações se expandiram em 21,2%, chegando a US$ 16,132 bilhões.
As exportações do mês de março, por sua vez, foram de US$ 9,251 bilhões, o segundo maior resultado já registrado em um único mês -o recorde foi estabelecido em junho de 2004, quando as vendas para o exterior chegaram a US$ 9,328 bilhões.
A meta do governo é fazer com que as exportações cheguem a US$ 112 bilhões neste ano -contra US$ 96,5 bilhões de 2004.
"As exportações de produtos manufaturados para os Estados Unidos e para a Argentina foram os principais responsáveis por esse resultado", diz o secretário de Comércio Exterior, Ivan Ramalho. Os dois países são os maiores compradores de mercadorias brasileiras.
Entre janeiro e março, as exportações para os EUA somaram US$ 5,303 bilhões -o equivalente a 21,7% de todas as vendas para o exterior realizadas no período. Os embarques de mercadorias para a Argentina, por sua vez, totalizaram US$ 2,033 bilhões. Para Ramalho, o crescimento econômico observado nesses dois países ajuda a explicar o desempenho das exportações brasileiras.

Câmbio
O secretário afirmou ainda que os números da balança mostram que, mesmo com a manutenção da cotação do dólar num nível relativamente baixo, as vendas de produtos brasileiros para outros países não devem ser afetadas -apesar das reclamações das empresas exportadores e do próprio ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, sobre o patamar atual da taxa de câmbio.
"Um setor ou outro pode até fazer algumas afirmações sobre o câmbio, mas as empresas que já têm uma colocação consolidada no mercado externo não vão abrir mão de sua participação", diz Ramalho. Por esse raciocínio, as empresas brasileiras não deixarão de exportar, mesmo com um câmbio menos favorável, para não perder a fatia de mercado conquistada, ao longo dos últimos anos, em outros países.
Do lado das importações, a maior parte das encomendas se referem a matérias-primas adquiridas por empresas instaladas no Brasil. As compras desse tipo de produto somaram US$ 8,541 bilhões no primeiro trimestre deste ano -pouco mais da metade do total de importações do período. As importações de bens de capital (máquinas e equipamentos) cresceram 27,4% em relação aos primeiros três meses de 2004, chegando a US$ 3,251 bilhões neste ano.
Não há um objetivo específico, no governo, para o superávit a ser alcançado pela balança comercial neste ano. Uma projeção do Banco Central aponta para um saldo de US$ 27,5 bilhões, o que representaria uma pequena queda em relação aos US$ 33,7 bilhões do ano passado. Essa queda resultaria do aumento esperado para as importações neste ano, que são impulsionadas pelo crescimento da economia.


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