São Paulo, sábado, 02 de abril de 2005

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POLÍTICA INDUSTRIAL

Banco tenta incentivar indústria nacional, que fornece apenas 15% do que o país gasta com programas

BNDES lança linha para financiar software

JANAINA LAGE
DA FOLHA ONLINE, NO RIO

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) lançou ontem uma linha de financiamento para comercialização de softwares. O objetivo do banco é aumentar a participação da indústria nacional no mercado por meio do incentivo à venda dos produtos.
A nova linha, denominada Prosoft Comercialização, é a etapa final da reformulação do Prosoft, que começou no ano passado. Lançado originalmente no final de 1997, o programa aprovou empréstimos de apenas R$ 58 milhões para 27 empresas.
Segundo o superintendente da Área Industrial do BNDES, Carlos Gastaldoni, o principal entrave ao funcionamento do Prosoft era uma cláusula que condicionava a forma de pagamento ao faturamento da empresa.
"Faturamento maior não significa necessariamente que a empresa tenha disponibilidade de recursos para pagar os empréstimos", disse. O programa original era voltado apenas para pequenas empresas e limitava a participação pelo faturamento.
O programa remodelado já estava dividido em Prosoft Empresa e Prosoft Exportação. Não há mais limite de faturamento para aderir ao programa. Segundo Gastaldoni, o lançamento da linha para estimular a venda dos produtos partiu da percepção do banco de que o apoio somente ao desenvolvimento de softwares não era suficiente. "A maior facilidade para a venda de produtos vai resultar em maiores investimentos nas empresas, é uma forma indireta de fomentar os produtores de software", disse.
O Brasil consome por ano cerca de US$ 8 bilhões em softwares. A indústria nacional representa apenas 15% desse total, segundo o assessor especial do Ministério de Ciência e Tecnologia, Arthur Pereira Nunes. "As iniciativas de fomento voltadas para o desenvolvedor de programas esbarravam na dificuldade de chegar em escala comercial ao consumidor final", afirmou.
Segundo dados do ministério, existem no país cerca de cinco mil empresas desenvolvedoras de softwares. Deste total, quase 90% são pequenas e médias empresas. Os pólos de maior volume de produção estão localizados no Rio de Janeiro, em São Paulo, Campinas, Belo Horizonte, Porto Alegre e Recife.
Em três semanas, 58 produtoras de softwares já se cadastraram no site do banco para vender seus produtos. Empresas interessadas na aquisição de softwares poderão escolher os fabricantes e os produtos e solicitar o financiamento.
Os empréstimos terão 12 meses de carência e 24 meses de amortização. A taxa de juros cobrada pode chegar até a 14,75%, o equivalente à TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo, de 9,75%) acrescida de 1% ao ano e mais até 4% ao ano de remuneração da instituição financeira credenciada.
A maior parte das operações deverá ser realizada de forma indireta, por meio de agente financeiro. As exceções ficam por conta de financiamentos superiores a R$ 10 milhões. O término do programa está previsto para 2007, mas o BNDES afirma que está disposto a estendê-lo caso haja demanda.
O setor de software foi selecionado para ocupar papel estratégico na política industrial por se tratar de um produto que atende todos os setores da economia: indústria, comércio e serviços.


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