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"Reunião será difícil porque cada um pensa no seu país", diz Lula
DO ENVIADO ESPECIAL
A PARIS E A LONDRES
A negociação do G20 não pode ser na base do "dá ou desce",
disse ontem o presidente Lula,
que admitiu que ainda havia divergências entre os líderes das
principais economias do mundo à véspera do encontro para
tentar estimular a economia
global e criar novas regulações
dos mercados.
"Será uma reunião entre
amigos, mas uma reunião difícil, porque nem todos os amigos estão pensando igual neste
momento, cada um está pensando no seu povo, no seu país",
disse Lula, em declaração ao lado do colega Nicolas Sarkozy,
no Palácio do Eliseu, sede do
governo francês.
Mais tarde, em entrevista no
trem Paris-Londres, Lula disse
que não pretende seguir o
exemplo do colega francês, que
ameaçou deixar a reunião caso
o G20 não chegue a propostas
concretas contra a crise.
"Você não faz negociação
com o pé na parede, dá ou desce, existe uma negociação. (...)
Não há concordância sobre todos os temas, então temos de
discuti-los até encontrar uma
solução. (...) O que não pode é
imaginar que essa reunião possa terminar sem decidir nada
porque eu penso que ela começa a cair na descrença da sociedade", disse Lula. "E o que está
acontecendo no mundo não
pode esperar mais uma reunião
daqui a mais quatro meses."
Após ter colocado a culpa na
crise nos "brancos de olhos
azuis", Lula voltou a cobrar dos
países ricos mais respostas para a crise. "É a primeira vez que
sentamos em igualdade de condições. O que é importante é
que, se os países ricos resolverem seus problemas, já é meio
caminho andado", afirmou.
Apesar de aproveitar várias
oportunidades para criticar especialmente os EUA, Lula disse
que não adianta ficar buscando
culpados e que o importante é
resolver o problema: "Eu encontrei um cidadão moribundo, baleado. Não vou ficar tentando saber quem deu o tiro,
onde está a bala. Vou tentar levá-lo para o hospital para tentar salvá-lo. Depois a gente discute o resto", afirmou.
Lula tem adotado discurso de
defensor das economias mais
pobres, posição que tem sido
destacada tanto pelos governantes dos países ricos quanto
pela mídia europeia e americana. O encontro de hoje do G20
será mais uma oportunidade
para reforçar a estratégia.
(PDL)
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