São Paulo, quinta-feira, 02 de abril de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

"Reunião será difícil porque cada um pensa no seu país", diz Lula

DO ENVIADO ESPECIAL A PARIS E A LONDRES

A negociação do G20 não pode ser na base do "dá ou desce", disse ontem o presidente Lula, que admitiu que ainda havia divergências entre os líderes das principais economias do mundo à véspera do encontro para tentar estimular a economia global e criar novas regulações dos mercados.
"Será uma reunião entre amigos, mas uma reunião difícil, porque nem todos os amigos estão pensando igual neste momento, cada um está pensando no seu povo, no seu país", disse Lula, em declaração ao lado do colega Nicolas Sarkozy, no Palácio do Eliseu, sede do governo francês.
Mais tarde, em entrevista no trem Paris-Londres, Lula disse que não pretende seguir o exemplo do colega francês, que ameaçou deixar a reunião caso o G20 não chegue a propostas concretas contra a crise.
"Você não faz negociação com o pé na parede, dá ou desce, existe uma negociação. (...) Não há concordância sobre todos os temas, então temos de discuti-los até encontrar uma solução. (...) O que não pode é imaginar que essa reunião possa terminar sem decidir nada porque eu penso que ela começa a cair na descrença da sociedade", disse Lula. "E o que está acontecendo no mundo não pode esperar mais uma reunião daqui a mais quatro meses."
Após ter colocado a culpa na crise nos "brancos de olhos azuis", Lula voltou a cobrar dos países ricos mais respostas para a crise. "É a primeira vez que sentamos em igualdade de condições. O que é importante é que, se os países ricos resolverem seus problemas, já é meio caminho andado", afirmou.
Apesar de aproveitar várias oportunidades para criticar especialmente os EUA, Lula disse que não adianta ficar buscando culpados e que o importante é resolver o problema: "Eu encontrei um cidadão moribundo, baleado. Não vou ficar tentando saber quem deu o tiro, onde está a bala. Vou tentar levá-lo para o hospital para tentar salvá-lo. Depois a gente discute o resto", afirmou.
Lula tem adotado discurso de defensor das economias mais pobres, posição que tem sido destacada tanto pelos governantes dos países ricos quanto pela mídia europeia e americana. O encontro de hoje do G20 será mais uma oportunidade para reforçar a estratégia. (PDL)


Texto Anterior: Frases
Próximo Texto: David Pilling: As bravatas de Pequim sobre o dólar
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.