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Para presidente, "EUA não podem ser motor único"
DO ENVIADO ESPECIAL A LONDRES
O presidente Barack Obama
atreveu-se ontem a olhar um
pouco além da crise atual para
fazer um suave e breve sermão
sobre como deveria ser a economia mundial, que "se tornou
refém do fato de que os Estados
Unidos são consumidores vorazes e o motor do mundo".
"Os Estados Unidos não podem ser o motor único. Todos
os países têm que fazer a sua
parte", disse Obama, em entrevista coletiva ao lado do primeiro-ministro britânico, Gordon
Brown, a confortável distância
do coração financeiro de Londres, onde manifestantes gritavam "revolution/revolution".
O sermão de Obama pode ser
entendido de duas maneiras:
um apelo para que todos os países do G20, cuja cúpula se realiza hoje, ajudem a estimular a
economia. Mas é mais provavelmente um olhar além do
presente: uma crítica ao desequilíbrio que empurrou a economia mundial para cima, durante cinco anos até a crise de
2007, e agora para baixo.
Funcionava assim: os EUA
consumiam sem parar e endividavam-se para continuar consumindo. A China (não mencionada por Obama) financiava
a farra comprando papéis norte-americanos em quantidade
mantida em sigilo, mas que se
calcula próxima de US$ 2 trilhões, quase um Brasil e meio.
O olhar para o futuro incluiu
uma petição: "O mundo não pode voltar às bolhas". Alusão ao
fato de que, de tempos em tempos, estoura uma bolha (a das
empresas pontocom, antes, a
imobiliária depois, a bancária
agora), com custo formidável.
O presidente retomou a ideia
que frequentou seu discurso de
posse no sentido de que a esperança deve vencer o medo. "Basear decisões no medo [da crise
em curso] não é a maneira certa
de agir", afirmou, para emendar com a frase de efeito: "As
pessoas não devem permitir
um curto-circuito sobre o futuro por medo do presente".
(CR)
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