São Paulo, quinta-feira, 02 de abril de 2009

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Para presidente, "EUA não podem ser motor único"

DO ENVIADO ESPECIAL A LONDRES

O presidente Barack Obama atreveu-se ontem a olhar um pouco além da crise atual para fazer um suave e breve sermão sobre como deveria ser a economia mundial, que "se tornou refém do fato de que os Estados Unidos são consumidores vorazes e o motor do mundo".
"Os Estados Unidos não podem ser o motor único. Todos os países têm que fazer a sua parte", disse Obama, em entrevista coletiva ao lado do primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, a confortável distância do coração financeiro de Londres, onde manifestantes gritavam "revolution/revolution".
O sermão de Obama pode ser entendido de duas maneiras: um apelo para que todos os países do G20, cuja cúpula se realiza hoje, ajudem a estimular a economia. Mas é mais provavelmente um olhar além do presente: uma crítica ao desequilíbrio que empurrou a economia mundial para cima, durante cinco anos até a crise de 2007, e agora para baixo.
Funcionava assim: os EUA consumiam sem parar e endividavam-se para continuar consumindo. A China (não mencionada por Obama) financiava a farra comprando papéis norte-americanos em quantidade mantida em sigilo, mas que se calcula próxima de US$ 2 trilhões, quase um Brasil e meio.
O olhar para o futuro incluiu uma petição: "O mundo não pode voltar às bolhas". Alusão ao fato de que, de tempos em tempos, estoura uma bolha (a das empresas pontocom, antes, a imobiliária depois, a bancária agora), com custo formidável.
O presidente retomou a ideia que frequentou seu discurso de posse no sentido de que a esperança deve vencer o medo. "Basear decisões no medo [da crise em curso] não é a maneira certa de agir", afirmou, para emendar com a frase de efeito: "As pessoas não devem permitir um curto-circuito sobre o futuro por medo do presente". (CR)


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