São Paulo, quinta-feira, 02 de abril de 2009

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Frigorífico é a empresa que mais demite no país neste ano

CLAUDIA ROLLI
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

GITÂNIO FORTES
DA REDAÇÃO

O Independência Alimentos é a empresa que mais demitiu no país neste ano. Mandou embora 6.600 pessoas. A companhia anunciou ontem o fechamento de mais três unidades -em Itupeva e em Presidente Venceslau (SP), mais Nova Xavantina (MT)- com o corte de 1.400 funcionários.
Na semana passada, o grupo dispensou 4.800 empregados e encerrou atividades em cinco unidades -em Goiás, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. Em fevereiro, fechou o frigorífico em Campo Grande (MS) e demitiu 400 funcionários.
Até janeiro, o Independência empregava cerca de 11 mil pessoas e tinha capacidade de abate de 10,8 mil bovinos por dia. A empresa entrou com pedido de recuperação judicial no fim de fevereiro. Alegou queda na demanda externa, falta de crédito, redução no preço da carne e aumento de custos.
O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) prepara estudo sobre medidas de apoio ao setor.
Para o Ministério da Agricultura, há "problemas pontuais" no segmento. O Independência é o maior dos seis frigoríficos que pediram recuperação judicial desde o agravamento da crise mundial. Os outros são os grupos Arantes, Frigoestrela, Margen, IFC e Quatro Marcos.
Ex-funcionários que preferem não se identificar dizem que o número de demissões deve chegar a 9.000.
Como houve dispensas um mês antes do dissídio de trabalhadores do setor, a empresa tem de pagar multa de um mês de salário. Segundo um demitido, não houve esse pagamento. Procurada pela Folha, a empresa não se manifestou.
Sindicalistas pediram ao Ministério do Trabalho a ampliação do pagamento do seguro- -desemprego para os demitidos de nove unidades do grupo.
Artur de Camargo, presidente da Confederação dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentos (ligada à Força Sindical), afirma que a empresa deveria ter o "compromisso" de não demitir mais trabalhadores, já que recebeu linha de crédito do BNDES.
Segundo o advogado Estevão Mallet, o fato de o frigorífico ter pedido recuperação judicial não impede as demissões.
O suplente de senador Toninho Russo (PSDB-MS), da família dos proprietários do frigorífico, disse que está afastado da direção do Independência Alimentos e que não poderia comentar o assunto.


Com FELIPE BÄCHTOLD e AFONSO BENITES , da Agência Folha


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