São Paulo, quinta, 2 de abril de 1998

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INADIMPLÊNCIA
Mais de 434 mil compradores a prazo deixaram de pagar os carnês em dia; aumento é de 57,5% sobre 97
Calote do consumidor em março é recorde

FÁTIMA FERNANDES
da Reportagem Local

O calote dos consumidores bateu novo recorde em São Paulo. Em março, o número de carnês com prestações em atraso somou 434.468, o que representa 57,5% a mais do que em igual mês do ano passado e 33,3% a mais do que em fevereiro.
Essa inadimplência é a maior já registrada pela Associação Comercial de São Paulo em números absolutos. Em termos relativos, está em torno de 26%, abaixo, portanto, do recorde constatado em abril de 95, de 36,9%.
Para chegar a esses percentuais, a associação compara o volume de carnês em atraso com o número de consultas ao SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) de três meses atrás, já que não dispõe de dados sobre o total de financiamentos. O SPC é um indicador do movimento de crédito nas lojas.
Emílio Alfieri, economista da associação, diz que a inadimplência preocupa e reflete sobretudo o problema do desemprego. O que anima o comércio no momento, diz, é o fato de o consumidor estar disposto a acertar as dívidas.
Em março, o número de carnês renegociados também bateu recorde (218.166). Esse volume representou aumentos de 118,5% sobre março do ano passado e de 38,1% sobre fevereiro.
Até então, o maior número de carnês renegociados havia sido registrado no mês de agosto de 97 (197.754). "Apesar da alta inadimplência, o lojista está percebendo que quando o cliente volta a trabalhar ele quer quitar as dívidas para voltar a comprar a prazo."
Pelo levantamento da associação, março, de qualquer forma, não foi um mês tão ruim em vendas como se chegou a prever.
O número de consultas ao SPC subiu 11,9% na comparação com o mesmo mês de 97 e 23,5% sobre fevereiro. Em março de 97 sobre fevereiro de 97 o crescimento havia sido de 21%.
"De fato, percebemos um sinal de recuperação das vendas a prazo em março. Mas, com o aumento da inadimplência e do desemprego, não sabemos se esse ritmo das vendas vai persistir", diz Alfieri.
O número de consultas ao Telecheque, termômetro das vendas à vista, cresceu 38,7% em março sobre igual mês de 97 e 16,1% sobre fevereiro. Em março de 97 sobre fevereiro de 97 o aumento havia sido de 21%. "Os números de março revelam certa preferência pelo pagamento à vista."
O comércio e a indústria, segundo Alfieri, estão sentindo no caixa o peso da inadimplência e do consumo mais contido. Em março, os pedidos de falência (982) cresceram 34,2% sobre fevereiro e 3,6% sobre março do ano passado.



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