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INADIMPLÊNCIA
Mais de 434 mil compradores a prazo deixaram de pagar os carnês em dia; aumento é de 57,5% sobre 97
Calote do consumidor em março é recorde
FÁTIMA FERNANDES
da Reportagem Local
O calote dos consumidores bateu novo recorde em São Paulo.
Em março, o número de carnês
com prestações em atraso somou
434.468, o que representa 57,5% a
mais do que em igual mês do ano
passado e 33,3% a mais do que em
fevereiro.
Essa inadimplência é a maior já
registrada pela Associação Comercial de São Paulo em números
absolutos. Em termos relativos,
está em torno de 26%, abaixo,
portanto, do recorde constatado
em abril de 95, de 36,9%.
Para chegar a esses percentuais,
a associação compara o volume de
carnês em atraso com o número
de consultas ao SPC (Serviço de
Proteção ao Crédito) de três meses
atrás, já que não dispõe de dados
sobre o total de financiamentos. O
SPC é um indicador do movimento de crédito nas lojas.
Emílio Alfieri, economista da associação, diz que a inadimplência
preocupa e reflete sobretudo o
problema do desemprego. O que
anima o comércio no momento,
diz, é o fato de o consumidor estar
disposto a acertar as dívidas.
Em março, o número de carnês
renegociados também bateu recorde (218.166). Esse volume representou aumentos de 118,5%
sobre março do ano passado e de
38,1% sobre fevereiro.
Até então, o maior número de
carnês renegociados havia sido registrado no mês de agosto de 97
(197.754). "Apesar da alta inadimplência, o lojista está percebendo
que quando o cliente volta a trabalhar ele quer quitar as dívidas para
voltar a comprar a prazo."
Pelo levantamento da associação, março, de qualquer forma,
não foi um mês tão ruim em vendas como se chegou a prever.
O número de consultas ao SPC
subiu 11,9% na comparação com o
mesmo mês de 97 e 23,5% sobre
fevereiro. Em março de 97 sobre
fevereiro de 97 o crescimento havia sido de 21%.
"De fato, percebemos um sinal
de recuperação das vendas a prazo
em março. Mas, com o aumento
da inadimplência e do desemprego, não sabemos se esse ritmo das
vendas vai persistir", diz Alfieri.
O número de consultas ao Telecheque, termômetro das vendas à
vista, cresceu 38,7% em março sobre igual mês de 97 e 16,1% sobre
fevereiro. Em março de 97 sobre
fevereiro de 97 o aumento havia
sido de 21%. "Os números de março revelam certa preferência pelo
pagamento à vista."
O comércio e a indústria, segundo Alfieri, estão sentindo no caixa
o peso da inadimplência e do consumo mais contido. Em março, os
pedidos de falência (982) cresceram 34,2% sobre fevereiro e 3,6%
sobre março do ano passado.
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