São Paulo, terça-feira, 02 de maio de 2000


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PÓS-PRIVATIZAÇÃO
Fundo admite mandato por apenas mais um ano
Previ é contra a permanência de Steinbruch à frente da Vale

FELIPE PATURY
da Reportagem Local

A Previ, o poderoso fundo de pensão do Banco do Brasil, avançou sobre as pretensões de Benjamin Steinbruch de comandar a Vale do Rio Doce até 2003. No último dia 26, a Previ manifestou-se contra a proposta de continuidade de Steinbruch feita na assembléia geral dos acionistas da Vale.
O fundo avisou que só aceita a permanência de Steinbruch por mais um ano na presidência do conselho de administração da empresa. A decisão final sobre o assunto deverá ser tomada no próximo dia 27, quando será realizada a reunião do conselho de administração da mineradora.
O que a Previ quer impedir é que Benjamin Steinbruch tenha em mãos um cheque em branco. A fundação teme, na verdade, que ele se mantenha no comando da Vale mesmo que a CSN, a quem representa, não seja mais majoritária na empresa.
Já Steinbruch tomou uma decisão ousada. Se a proposta fosse endossada pelos acionistas, o conselho de administração teria dificuldade em restringir as intenções de ampliar seu mandato.
O veto da Previ, manifestado na reunião dos acionistas, não é uma decisão definitiva sobre o futuro do comando da Vale, mas é um sinal importante. A razão é simples: o fundo tem direito a veto nas decisões do conselho. Ou seja, mesmo que Steinbruch consiga apoio dos outros sócios, ainda pode esbarrar na Previ.
A briga entre a fundação e Steinbruch, que representa a CSN no conselho da Vale, se estende há quase um ano. Na raiz das discussões, estão o futuro do setor siderúrgico nacional e a intenção da Previ de obrigar a Vale e a CSN, da qual também é acionista, a se desfazerem de suas participações cruzadas.
Hoje, a CSN tem 31% do controle da Valepar, a empresa que controla a Vale. Ao mesmo tempo, a Vale tem 9,85% do capital da CSN. A Previ, que tem 25% da Vale e 13,8% da CSN, acha que os interesses das duas empresas são conflitantes. Por isso, o fundo pressiona Steinbruch a vender a participação da Vale na CSN, o que imporia uma gestão independente às duas empresas.
A Folha apurou que o maior problema, na opinião da Previ, está numa mina chamada Casa de Pedra, da CSN. Baseada num estudo encomendado em 99 a bancos de investimento, a Previ acha que a mina pode fazer concorrência predatória às exportações de minério de ferro da Vale.
Nas últimas semanas, os técnicos do fundo de pensão começaram a se sentir mais confiantes com relação às discussões na empresa. O principal motivo é que o secretário do Tesouro Nacional, Fábio Barbosa, foi escolhido como o novo representante do governo no conselho de administração da Vale.
Representantes dos investidores informaram à Folha que a indicação de um funcionário do primeiro time do governo para o conselho mostra o cuidado que o governo está destinando ao assunto. Além disso, as posições de Barbosa são convergentes com as do presidente da Previ, Luiz Tarquínio Sardinha Ferro.
Procurada pela reportagem, a Previ afirmou que não comenta o assunto. A assessoria de Steinbruch foi informada do teor da reportagem, mas não se manifestou até o fechamento da edição.



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