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PÓS-PRIVATIZAÇÃO
Fundo admite mandato por apenas mais um ano
Previ é contra a permanência de Steinbruch à frente da Vale
FELIPE PATURY
da Reportagem Local
A Previ, o poderoso fundo de
pensão do Banco do Brasil, avançou sobre as pretensões de Benjamin Steinbruch de comandar a
Vale do Rio Doce até 2003. No último dia 26, a Previ manifestou-se
contra a proposta de continuidade de Steinbruch feita na assembléia geral dos acionistas da Vale.
O fundo avisou que só aceita a
permanência de Steinbruch por
mais um ano na presidência do
conselho de administração da
empresa. A decisão final sobre o
assunto deverá ser tomada no
próximo dia 27, quando será realizada a reunião do conselho de
administração da mineradora.
O que a Previ quer impedir é
que Benjamin Steinbruch tenha
em mãos um cheque em branco.
A fundação teme, na verdade, que
ele se mantenha no comando da
Vale mesmo que a CSN, a quem
representa, não seja mais majoritária na empresa.
Já Steinbruch tomou uma decisão ousada. Se a proposta fosse
endossada pelos acionistas, o
conselho de administração teria
dificuldade em restringir as intenções de ampliar seu mandato.
O veto da Previ, manifestado na
reunião dos acionistas, não é uma
decisão definitiva sobre o futuro
do comando da Vale, mas é um sinal importante. A razão é simples:
o fundo tem direito a veto nas decisões do conselho. Ou seja, mesmo que Steinbruch consiga apoio
dos outros sócios, ainda pode esbarrar na Previ.
A briga entre a fundação e
Steinbruch, que representa a CSN
no conselho da Vale, se estende há
quase um ano. Na raiz das discussões, estão o futuro do setor siderúrgico nacional e a intenção da
Previ de obrigar a Vale e a CSN, da
qual também é acionista, a se desfazerem de suas participações
cruzadas.
Hoje, a CSN tem 31% do controle da Valepar, a empresa que controla a Vale. Ao mesmo tempo, a
Vale tem 9,85% do capital da
CSN. A Previ, que tem 25% da Vale e 13,8% da CSN, acha que os interesses das duas empresas são
conflitantes. Por isso, o fundo
pressiona Steinbruch a vender a
participação da Vale na CSN, o
que imporia uma gestão independente às duas empresas.
A Folha apurou que o maior
problema, na opinião da Previ, está numa mina chamada Casa de
Pedra, da CSN. Baseada num estudo encomendado em 99 a bancos de investimento, a Previ acha
que a mina pode fazer concorrência predatória às exportações de
minério de ferro da Vale.
Nas últimas semanas, os técnicos do fundo de pensão começaram a se sentir mais confiantes
com relação às discussões na empresa. O principal motivo é que o
secretário do Tesouro Nacional,
Fábio Barbosa, foi escolhido como o novo representante do governo no conselho de administração da Vale.
Representantes dos investidores informaram à Folha que a indicação de um funcionário do
primeiro time do governo para o
conselho mostra o cuidado que o
governo está destinando ao assunto. Além disso, as posições de
Barbosa são convergentes com as
do presidente da Previ, Luiz Tarquínio Sardinha Ferro.
Procurada pela reportagem, a
Previ afirmou que não comenta o
assunto. A assessoria de Steinbruch foi informada do teor da reportagem, mas não se manifestou
até o fechamento da edição.
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