São Paulo, terça-feira, 02 de maio de 2000


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TRABALHADORES DO MUNDO
Conflitos com a polícia em praça de Londres terminam com 67 pessoas presas e 16 feridas
Protestos unem punks e velha guarda


RICARDO GRINBAUM
de Londres

As manifestações contra o capitalismo tiveram momentos de violência ontem em Londres. Ativistas mascarados atacaram uma lanchonete do McDonald's. Em Trafalgar Square, no centro da cidade, manifestantes entraram em confronto com policiais que tentavam esvaziar a praça. Ao final do dia, 67 pessoas foram presas. Sete manifestantes e nove policiais ficaram feridos.
O ato reuniu mais de 4.000 ativistas e se estendeu por boa parte do centro de Londres. Na maior parte do tempo, o encontro foi pacífico. Jovens vestidos com roupas coloridas, grupos de punks com cabelo espetado, militantes comunistas com camisetas do revolucionário argentino Che Guevara ocuparam pontos turísticos de Londres, em meio à multidão de visitantes.
Na praça do Parlamento, os manifestantes retiraram tufos de grama e plantaram sementes, no que eles apelidaram de "guerrilha de jardinagem". Várias estátuas no centro de Londres foram pichadas com mensagens socialistas ou anarquistas. A estátua do ex-primeiro-ministro Winston Churchill ganhou uma peruca verde, feita com um tufo de grama.
A tensão começou a aumentar quando os ativistas saíram em passeata pelas ruas centrais da cidade. Durante a manifestação, um grupo de 20 anarquistas depredou uma lanchonete do McDonald's. A poucos metros dali, ativistas lançaram pedras e garrafas em direção à residência do primeiro-ministro Tony Blair.
Durante a tarde, os manifestantes se concentraram na grande praça de Trafalgar Square e foram cercados por fileiras de policiais armados com capacetes e escudos. A polícia fechou, aos poucos, o cerco sobre os ativistas e criou um corredor para as pessoas saírem. Quando os policiais avançavam para ocupar a praça, houve confronto com ativistas e e várias pessoas foram presas. Tony Blair criticou os manifestantes e classificou a violência como "uma desgraça absoluta".
O protesto reuniu dezenas de organizações em torno da bandeira comum da luta contra a globalização. Entre os ativistas, haviam ecologistas com flores, grupos de punk armados com correntes, comunistas distribuindo panfletos, militantes curdos contra o governo turco e oposicionistas iranianos, entre outros.
A maioria dos manifestantes era formada por jovens, mas havia também militantes políticos da velha guarda. Vestida de vermelho dos pés a cabeça, Helen Luby, de 78 anos, estava lá para protestar contra o Partido Trabalhista, no poder há três anos. "Lutamos na guerra, fomos bombardeados pelos aviões alemães e o Partido Trabalhista se tornou um partido burguês como outro qualquer", reclamou.
"Todos que estão aqui têm um ponto em comum", disse a estudante de antropologia Lou Peterson, que passou a tarde discutindo com soldados no cordão de isolamento da polícia. "Nós achamos que as pessoas e a natureza estão acima do lucro e dos interesses das multinacionais". Para Blair, é "barbarismo irracional".



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