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TRABALHADORES DO MUNDO
Conflitos com a polícia em praça de Londres terminam com 67 pessoas presas e 16 feridas
Protestos unem punks e velha guarda
RICARDO GRINBAUM
de Londres
As manifestações contra o capitalismo tiveram momentos de
violência ontem em Londres. Ativistas mascarados atacaram uma
lanchonete do McDonald's. Em
Trafalgar Square, no centro da cidade, manifestantes entraram em
confronto com policiais que tentavam esvaziar a praça. Ao final
do dia, 67 pessoas foram presas.
Sete manifestantes e nove policiais ficaram feridos.
O ato reuniu mais de 4.000 ativistas e se estendeu por boa parte
do centro de Londres. Na maior
parte do tempo, o encontro foi
pacífico. Jovens vestidos com
roupas coloridas, grupos de
punks com cabelo espetado, militantes comunistas com camisetas
do revolucionário argentino Che
Guevara ocuparam pontos turísticos de Londres, em meio à multidão de visitantes.
Na praça do Parlamento, os manifestantes retiraram tufos de grama e plantaram sementes, no que
eles apelidaram de "guerrilha de
jardinagem". Várias estátuas no
centro de Londres foram pichadas com mensagens socialistas ou
anarquistas. A estátua do ex-primeiro-ministro Winston Churchill ganhou uma peruca verde,
feita com um tufo de grama.
A tensão começou a aumentar
quando os ativistas saíram em
passeata pelas ruas centrais da cidade. Durante a manifestação,
um grupo de 20 anarquistas depredou uma lanchonete do
McDonald's. A poucos metros
dali, ativistas lançaram pedras e
garrafas em direção à residência
do primeiro-ministro Tony Blair.
Durante a tarde, os manifestantes se concentraram na grande
praça de Trafalgar Square e foram cercados por fileiras de policiais armados com capacetes e escudos. A polícia fechou, aos poucos, o cerco sobre os ativistas e
criou um corredor para as pessoas saírem. Quando os policiais
avançavam para ocupar a praça,
houve confronto com ativistas e e
várias pessoas foram presas.
Tony Blair criticou os manifestantes e classificou a violência como "uma desgraça absoluta".
O protesto reuniu dezenas de
organizações em torno da bandeira comum da luta contra a globalização. Entre os ativistas, haviam ecologistas com flores, grupos de punk armados com correntes, comunistas distribuindo
panfletos, militantes curdos contra o governo turco e oposicionistas iranianos, entre outros.
A maioria dos manifestantes
era formada por jovens, mas havia também militantes políticos
da velha guarda. Vestida de vermelho dos pés a cabeça, Helen
Luby, de 78 anos, estava lá para
protestar contra o Partido Trabalhista, no poder há três anos. "Lutamos na guerra, fomos bombardeados pelos aviões alemães e o
Partido Trabalhista se tornou um
partido burguês como outro
qualquer", reclamou.
"Todos que estão aqui têm um
ponto em comum", disse a estudante de antropologia Lou Peterson, que passou a tarde discutindo com soldados no cordão de
isolamento da polícia. "Nós achamos que as pessoas e a natureza
estão acima do lucro e dos interesses das multinacionais". Para
Blair, é "barbarismo irracional".
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