EVANDRO SPINELLI
DA FOLHA RIBEIRÃO

O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, criticou a cadeia produtiva da agroindústria e defendeu que os setores se organizem para fazer lobby com o governo e o Poder Legislativo.
Para Rodrigues, os setores produtivos são desorganizados, o que impede a criação de políticas governamentais para a agricultura.
Ele defendeu que a iniciativa privada faça lobby com o governo e o Congresso Nacional para que sejam implementadas políticas de seu interesse.
"O lobby é um instrumento do regime democrático", afirmou o ministro da Agricultura.
A maior crítica foi feita aos cafeicultores. "Eu nunca vi tanta incapacidade de um setor para apresentar uma política única", disse Rodrigues.
Ao setor sucroalcooleiro também foram disparadas críticas. Rodrigues defendeu a criação de uma política para o álcool combustível que, segundo ele, não existe no país. Para ele, o setor precisa se organizar para que isso seja criado.
"Não é possível que o álcool combustível, que é estratégico para o país, fique sujeito ao lucro e à opção das usinas pela produção de açúcar na hora que for mais conveniente."
Sobre a cadeia produtiva de milho e sorgo, Rodrigues disse que os produtores de aves e suínos não se importaram com a baixa dos preços do milho e do sorgo e os produtores migraram para outras culturas. "Agora, eles [aves e suínos] não têm o que comer", disse o ministro.
As indústrias de máquinas agrícolas também foram criticadas por Rodrigues. Segundo ele, as empresas aumentaram os preços das máquinas agrícolas "espantosamente".
"A desculpa era a variação do dólar. Agora que a cotação caiu eu quero ver o que vai acontecer", ressaltou.
Apesar das críticas, Rodrigues disse que já está conseguindo fazer com que os setores se articulem. Ele citou como exemplo a criação da câmara setorial do setor sucroalcooleiro, que foi instalada como órgão do Consagro (Conselho Nacional do Agronegócio).
As declarações do ministro foram dadas anteontem à noite durante um seminário organizado pela BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros) e confirmadas ontem na Agrishow (Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação), que se encerra amanhã em Ribeirão Preto (SP).
Rodrigues ressaltou apenas que não fez críticas, mas apenas "uma queixa" e "observações" sobre a desarticulação das cadeias produtivas.


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