São Paulo, domingo, 02 de maio de 2004

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TRABALHO

Crescimento no desembolso neste ano pode indicar que demitidos de 2004 tinham salários mais altos e maior escolaridade

Menos desempregados ganham mais seguro

JULIANNA SOFIA
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os gastos do governo com o pagamento do seguro-desemprego aumentaram 18% no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado, embora o número de trabalhadores que recebem o benefício tenha apresentado queda de 36%.
Apesar de o reajuste de 20% para o salário mínimo em abril do ano passado ter sido o principal fator para o aumento nos gastos, o Ministério do Trabalho começa a dissecar os números para verificar uma suspeita: as demissões nos primeiros meses do ano atingiram principalmente trabalhadores com maior renda e escolaridade mais alta.
"Essa hipótese está sendo analisada. Ainda estamos fazendo um estudo mais profundo. Mesmo que haja confirmação, não vejo isso como uma tendência para o resto do ano", afirmou o diretor do Departamento de Emprego e Salário, Carlos Augusto Gonçalves. "A recuperação de alguns setores da economia sugere uma melhoria na qualidade do emprego, embora não de forma quantitativa", completa.
Entre janeiro e março do ano passado, 1,26 milhão de trabalhadores receberam parcelas do seguro-desemprego. Nos três primeiros meses deste ano, o número caiu para 808,9 mil pessoas. A queda no total de beneficiários indica uma redução no número de demissões no período.
Os dados de março, no entanto, ainda são parciais. "Deve haver ainda uma grande variação nos números de março, mas a tendência é ficar abaixo dos números de fevereiro", explicou o diretor Gonçalves.
Ele acrescentou que somente com o fechamento dos dados do primeiro trimestre do ano será possível falar em uma tendência consolidada de redução nas demissões no país.

Demitidos com mais renda
Pelo resultado parcial do governo, em março apenas 92.536 trabalhadores receberam o seguro-desemprego. Em fevereiro, tinham sido 336.414 pessoas.
Mesmo que preliminares, os números de março reforçam a tese de que trabalhadores com maior renda perderam o emprego no início do ano. No terceiro mês de 2004, R$ 590 mil foram desembolsados pelo governo para pagar o benefício. Em fevereiro, os gastos do governo com essa despesa chegaram a R$ 502,4 mil.
Em março do ano passado, a conta foi de R$ 474,1 mil. E esse montante, menor do que o deste ano, beneficiou mais que o quádruplo de pessoas: um total de 428.295.
Tanto na comparação com fevereiro deste ano quanto com março do ano passado, os dados mostram que um número muito menor de pessoas teve direito ao benefício em março deste ano, mas a despesa foi maior.
Some-se a isso o fato de que, da mesma forma que o total de beneficiários, o valor pago aos trabalhadores ainda deverá apresentar crescimento quando for fechado o resultado de março.
Na análise trimestral, os gastos com o benefício nos três primeiros meses deste ano foi 18% maior que no mesmo período de 2003. De janeiro a março de 2003, o gasto foi de R$ 1,401 milhão. Neste ano, o número preliminar do trimestre é de R$ 1,651 milhão.
"Por enquanto, a análise que fazemos é que o quadro da ocupação não sugere uma trajetória consistente em empregos de qualidade", disse Gonçalves.


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