São Paulo, sexta-feira, 02 de maio de 2008

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

Promoção não é solução mágica, diz Armínio

O economista Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central e sócio da Gávea Investimentos, considera a festa que se fez no país em torno da obtenção do grau de investimento justa e merecida, mas recomenda cautela.
"Não é uma solução mágica para todos os nossos problemas", diz. "Não podemos achar que é o fim da linha."
Armínio diz, no entanto, que não quer dar um tom negativo a essa promoção concedida ao Brasil pela agência de classificação de risco Standard & Poor's, até porque se sente um dos que participaram desse processo. Ele presidiu o Banco Central de 1999 a 2002, durante o segundo mandato do governo FHC.
Para Armínio, o grau de investimento é resultado de um trabalho de muita disciplina e perseverança e que vem sendo desenvolvido ao longo de muitos anos.
Um dos principais argumentos da Standard & Poor's para conferir o grau de investimento ao Brasil foi a independência operacional do Banco Central, uma marca tanto do governo FHC como do atual governo.
Armínio diz que, assim que passar o período de festa, o governo deve arregaçar as mangas e continuar a trabalhar.
Entre os problemas, a seu ver, que precisam ser atacados, ele citou o crescimento dos gastos públicos, que pode se tornar uma preocupação maior a curto e médio prazos; a qualidade da educação e as deficiências de infra-estrutura.
O grau de investimento, de acordo com Armínio, diz respeito a apenas um aspecto dos problemas, que é o chamado coeficiente do risco-país. Esse problema dificultou a vida do Brasil das mais variadas maneiras nos últimos anos, seja na balança de pagamentos ou no custo da dívida, entre outros exemplos, mas não deve ser o único motivo de preocupação.
Armínio chama a atenção para o fato de que o grau de investimento não é permanente. Se o país não continuar perseguindo políticas macroeconômicas consistentes, nada o impede de ser rebaixado novamente.
"O fato de o Brasil ter sido campeão do mundo não significa que o título será eterno. Se jogar mal, perde o título", diz o ex-BC.
Armínio não acredita que a obtenção do grau de investimento irá resultar numa queda das taxas de juros no curto prazo. As questões de maior peso hoje, segundo ele, são a inflação e a política fiscal.
"A taxa de juros ainda continua a ser um problema predominantemente doméstico", diz. "E o Banco Central não pode continuar trabalhando sozinho para combater a inflação."
Apesar de o grau de investimento ter sido concedido antes do previsto, Armínio Fraga afirma que o mercado já esperava essa notícia.
"O mercado já tratava o Brasil como já tendo obtido grau de investimento", diz. "A data da formatura é sempre importante, mas não deixa de ser um símbolo. O aprendizado ocorreu ao longo do curso."
Tanto que, de acordo com Armínio, o prêmio de risco para os empréstimos para o Brasil já tinha caído bastante. Para um ano, por exemplo, a taxa estava em 0,3%, e, para cinco anos, em 1%. Se o Brasil tomasse um empréstimo nos Estados Unidos por um ano, por exemplo, iria pagar mais ou menos 2,3% de juros.
Armínio também não acredita que o grau de investimento vá ampliar significativamente a entrada de recursos externos e aumentar ainda mais a valorização do real.
Como, a seu ver, essa promoção da classificação do país já estava no radar de muitos investidores, há uma chance que ele considera muito razoável de a pressão sobre o câmbio não ser muito maior do que já existe hoje.
"Alguma coisa vem daqui para a frente, mas não creio que vá ser algo de muito impacto", diz.

Expectativa para Dia das Mães é a melhor desde 2006, diz Serasa

A expectativa para as vendas no Dia das Mães é a melhor desde 2006, segundo pesquisa da Serasa. Do total de entrevistados, 54% esperam aumento do faturamento na comparação com 2007, 38% prevêem estabilidade e 8% aguardam queda.
As grandes empresas são as mais otimistas: 80% estimam aumentar o faturamento. O percentual foi de 59% para médias e 49% para pequenas.
A região com expectativa mais favorável para o volume de vendas é a Centro-Oeste, onde 63% estão otimistas. No ranking por regiões, em segundo lugar está o Norte (59%), seguido por Sul (58%), Nordeste (56%) e Sudeste (54%).
Os varejistas apontam o crescimento da economia, da renda e do emprego como causas do otimismo -50% citaram essas razões e 50% atribuem a aspectos microeconômicos, como venda de itens que têm afinidade com a data e promoções.
A previsão é que as roupas e os acessórios sejam os presentes mais procurados (24% das respostas apontam esses itens) e, em seguida, celulares e eletrodomésticos (22% cada um), flores (16%), entre outros itens que tiveram menos destaque.
Em relação à forma de pagamento, 55% esperam venda a prazo, e 45%, à vista.

CABELEIRA

O grupo Couromoda, por meio de seu braço na área de beleza, Hair Brasil, organiza o "Intercoiffure World Congress" no Rio, de 18 a 20 deste mês. "É o congresso mais importante do setor. O fato de ser realizado aqui confirma que nosso país é o terceiro maior mercado mundial para produtos de beleza", diz Francisco Santos, presidente do grupo. O presidente mundial da divisão profissional da Wella, Robert Jongstra, e o diretor-geral da mesma divisão da L'Oréal, Minter Dial, participam do congresso.

TRAILER

A Fox, em parceria com o YouTube, acaba de lançar uma página da distribuidora dentro do site para oferecer conteúdos sobre seus filmes e DVDs. Ficarão disponíveis trailers de filmes, cenas extras, imagens, comentários, sinopses e perfil dos atores. A idéia é que a página estimule o consumidor a alugar os filmes e encontrar links para a compra on-line de DVDs. Segundo Hegel Braga, diretor de marketing da Fox Home Brasil, a parceria com o YouTube é parte de um projeto para criar iniciativas de comunicação on-line. "O comércio eletrônico é cada vez mais representativo", diz.

ESTRÉIA
Roberto Justus, presidente do grupo Newcomm, apresenta a nova agência Energy na terça. À frente da operação estarão Paulo Guerchfeld e Vitor Knijnik, sócios da Dez Brasil, agência que será incorporada ao novo negócio do grupo. Entre os clientes, haverá nomes como Asics, TAM e Mabe.

CALCULADORA
Se não houvesse o reajuste da gasolina e do diesel, a Petrobras iria perder, neste mês, R$ 1 bilhão. Os cálculos são do economista Adriano Pires, diretor do CBIE (Centro Brasileiro de Infra-Estrutura). Com o aumento, a conta vai cai pela metade e a estatal deve perder R$ 500 milhões.


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