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VIZINHO EM CRISE
Deustche e ABN temem punição da SEC e abandonam megatroca
Bancos deixam operação argentina
SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK
O Deustche Bank e o banco
ABN-Amro se retiraram ontem
da co-administração da operação
de megatroca da dívida argentina
por temerem punição da SEC (Securities and Exchange Commission), a comissão de valores mobiliários norte-americana.
A punição viria porque ambas
as instituições mandaram para
seus clientes anteontem relatórios
com análise sobre a operação da
Argentina, o que o exigente órgão
regulador do mercado de ações
norte-americano proíbe, pelo menos até que a operação seja efetivada completamente.
Como a megatroca só foi concluída no fim do dia de ontem e
seu resultado só sairá às 9h30 de
segunda-feira, os clientes de ambas instituições poderiam ter contado com informações privilegiadas obtidas de maneira antiética,
segundo a leitura da SEC.
Além do Deutsche e do ABN-Amro, outra instituição que participa do comando teria sido aconselhada a deixar a operação argentina, mas apenas diminuiu sua
atuação. Trata-se do Banco de Galícia y Buenos Aires. A partir de
hoje, como represália, o banco estaria proibido de negociar títulos
em dólar.
O motivo seria a distribuição a
seus clientes por e-mail de uma
das tabelas apresentadas pelo ministro da Economia argentina
Domingos Cavallo em seu "road
show" por Londres e Nova York
no começo da semana.
Procurado pela Folha, John
Heine, assessor de imprensa da
SEC, disse que se recusaria a comentar o assunto, por não ter sido
ainda trazido a público oficialmente.
A informação da retirada foi
confirmada oficialmente à Folha
pela assessora de imprensa para a
América Latina do Deutsche
Bank, Juanita Gutierrez. A jornalista disse no entanto que não falaria sobre os motivos. O ABN-Amro não comentou.
A saída dos dois bancos e a manutenção do Galícia não altera a
megatroca. Além desses, participam da co-administração outras
quatro instituições financeiras,
entre elas JP Morgan, Credit Suisse First Boston e Salomon Smith
Barney, que continuam.
Arrecadação
O ministro da Economia argentino, Domingo Cavallo, anunciou
ontem um aumento de 8% na arrecadação fiscal no mês de maio
em relação ao mesmo mês do ano
passado. Cavallo prometeu estudar reduções de impostos setoriais para reativar a economia.
O incremento na arrecadação é
um indicador de que o imposto
sobre transações financeiras (semelhante à CPMF brasileira),
criado por Cavallo em abril, começa a mostrar sua eficácia. No
mês passado, a arrecadação havia
caído 9,1%, e, no mês de março,
12,9%.
O ministro comemorou o dado
como um indicador da retomada
do crescimento. Os dados da Afip
(órgão arrecadador de impostos),
porém, indicam que a arrecadação de IVA (Imposto sobre Valor
Agregado), pago sobre o comércio, teve uma queda em relação ao
ano passado.
Além disso, outros indicadores
indicam que a reativação pode estar mais longe do que pretende
Cavallo. O número de falências e
concordatas cresceu 11% em maio
em relação a abril e 22% em relação a maio do ano passado.
Colaborou Rogerio Wassermann,
de Buenos Aires
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