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REMÉDIO AMARGO
Sete das 28 categorias que fecharam acordo salarial este ano aceitaram parcelamento do reajuste
Categorias precisam parcelar reposição e negociar abonos
DA REPORTAGEM LOCAL
Para conseguir repor a inflação
nos salários, as categorias profissionais estão parcelando os reajustes conseguidos na data-base e
complementando as perdas causadas pela inflação com abonos e
participação nos lucros.
Sete das 28 categorias profissionais que informaram ao Dieese
ter fechado acordo no primeiro
semestre aceitaram parcelamento
do reajuste na data-base.
Na construção civil de São Paulo, por exemplo, o reajuste de
18,72% foi parcelado em 12% em
maio (data-base da categoria) e
6% em agosto.
No caso dos trabalhadores do
setor de calçados de Franca, os
17,66% negociados foram parcelados em fevereiro (11%) e agosto
(6%). Também foi acertado pagamento de PLR (participação nos
lucros e resultados) equivalente a
80 horas de trabalho pagas em
duas parcelas.
"Como a inflação acumulada
nos últimos 12 meses tem ficado
entre 16% e 20%, a tendência tem
sido parcelar para conseguir zerar
a perda da inflação nos salários",
diz José Silvestre Prado de Oliveira, técnico do Dieese.
Outro fator que inibe as negociações salariais, diz Wilson Amorim, coordenador de atendimento técnico do Dieese, é o desemprego, que bateu recorde e atingiu
20,6% da PEA (População Economicamente Ativa) na região metropolitana de São Paulo.
As categorias profissionais com
data-base em junho e julho devem ter mais dificuldade para negociar reposição das perdas salariais, segundo estimativa feita pelo Dieese a pedido da Folha.
Entre os trabalhadores com data-base em junho estão trabalhadores na indústria da borracha,
no setor de alimentação, eletricitários e vigilantes. Em julho, estão
os trabalhadores da indústria têxtil e as costureiras.
Isso porque, considerando que
a inflação medida pelo INPC seja
de 0,50% de maio até dezembro, a
perda acumulada nos últimos 12
meses encerrados em junho e julho será, respectivamente de
19,85% e 19,72%, de acordo com
projeção feita por Silvestre.
Eunice Cabral, presidente do
Sindicato das Costureiras de São
Paulo (Força Sindical), categoria
que reúne 70 mil profissionais na
capital e Osasco, prevê dificuldades nas negociações. "Pedimos
reposição de 20% da inflação e
10% de aumento real. Desde o
Plano Real, que não sentávamos
na mesa para negociar patamares
como esse", diz. "Estamos preparadas para a guerra."
(CLAUDIA ROLLI)
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