São Paulo, quarta-feira, 02 de junho de 2004

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COMÉRCIO EXTERIOR

Saldo ultrapassa US$ 3 bi no mês e atinge US$ 11,24 bi no ano; importações crescem mais que exportações

Superávit da balança bate recorde em maio

ANDRÉ SOLIANI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Pela primeira vez na história, o superávit da balança comercial de um mês ultrapassou os US$ 3 bilhões. Em maio, as exportações superaram as importações em US$ 3,118 bilhões. O recorde anterior era de dezembro de 2003, quando o saldo ficou em US$ 2,754 bilhões, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento.
No ano, o superávit da balança já é de US$ 11,243 bilhões -também recorde para o período.
Um volume histórico de exportação colaborou para o resultado em maio. No mês passado, o país vendeu US$ 7,941 bilhões para o exterior, 24,6% a mais que no mesmo período do ano passado. O maior volume de exportações num mês, até então, era o de março: US$ 7,927 bilhões.
O comportamento das exportações foi suficiente para compensar o aumento de 25,1% das importações, o maior índice de crescimento de compras externas mensal desde o início do ano. No total, o Brasil comprou do exterior, em maio, US$ 4,823 bilhões.
O aumento das importações não incomoda o governo. É interpretado como um sinal da retomada da economia. O ministro Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento) enfatizou o crescimento das importações de máquinas, que ficou em 20% no mês passado. É um resultado bastante superior ao registrado desde o início do ano, de 8,4%. A compra de máquinas significa mais investimentos na produção.
O mês passado foi o segundo consecutivo em que as importações cresceram mais do que as exportações. No primeiro trimestre, a taxa de aumento das vendas superava a das compras. O setor cujas importações mais crescem é o de combustíveis e lubrificantes -25,2% neste ano. Em segundo, estão as matérias-primas (20,3%). Como as máquinas, as importações de matérias-primas e de insumos servem de indicador da atividade econômica.

Menos vulnerabilidade
Ao comentar o desempenho da balança, Furlan disse que a "vulnerabilidade brasileira está diminuindo". O aumento das importações e das exportações fez com que, no acumulado de 12 meses, o fluxo de comércio brasileiro passasse de US$ 130 bilhões.
Segundo Furlan, com mais comércio, o país fica menos vulnerável a crises externas, como a alta do preço do petróleo, pois o produto passa a ter uma participação menor nos dados da balança. "Crescemos na adversidade", afirmou, ao comentar que o comércio externo brasileiro crescia mais rápido do que o mundial.
Desde o início do ano, o país exportou US$ 33,979 bilhões, 25,25% a mais que no mesmo período do ano passado. A Unctad (Conferência das Nações Unidas sobre o Comércio e o Desenvolvimento), segundo Furlan, estima que o comércio mundial vá crescer, neste ano, cerca de 8%.
As importações, por sua vez, registram um aumento menor do que o das exportações -de 19,1% no ano. Nos primeiros cinco meses do ano, o país importou US$ 22,736 bilhões.

Preço da soja
O desempenho excepcional das exportações desde o início do ano, no entanto, não fez com que Furlan mudasse a meta de exportar US$ 83 bilhões em 2004. Segundo ele, a queda no preço da soja pode ter um efeito negativo, que não está previsto nas estimativas do ministério. O preço do grão no mercado futuro já está abaixo do estimado pelo Ministério do Desenvolvimento.


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