São Paulo, quarta-feira, 02 de junho de 2004

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CONJUNTURA

Megainvestidor crê em estagnação com inflação no próximo ano

Soros vê riscos na retomada dos EUA

RAFAEL CARIELLO
DE NOVA YORK

O megainvestidor George Soros disse ontem em Nova York que a economia americana deve entrar num ciclo de estagflação (falta de crescimento associada à permanência da inflação) em 2005.
Para Soros, foram tomadas medidas para favorecer uma situação econômica positiva no segundo semestre deste ano, quando acontece a eleição presidencial nos EUA, e dessa maneira favorecer o presidente George W. Bush.
A atual retomada americana, no entanto, não deve se sustentar, diz Soros, após a esperada decisão do Fed (banco central dos EUA) de aumentar os juros básicos da economia nas próximas reuniões.
Para o investidor, o responsável pela situação que prevê é o próprio governo Bush, ao praticar altos níveis de déficit orçamentário. "A economia não está tão bem [quanto se diz] também."
Soros está abertamente em campanha nos EUA para tirar o presidente Bush do poder. Ele financia organizações independentes que apóiam o candidato do Partido Democrata, John Kerry.
As declarações de ontem foram feitas durante entrevista com a imprensa brasileira motivada pelo lançamento no Brasil de seu livro "A Bolha da Supremacia Americana - Corrigindo o Abuso de Poder dos EUA", em que faz críticas às decisões de política internacional do governo Bush.
Segundo Soros, os gastos do governo americano simultâneos a um ciclo de retomada da atividade econômica pressionam a inflação e, quando a economia se recupera, como agora, se torna necessário aumentar as taxas de juros.
Cria-se uma dinâmica, disse Soros, em que o crescimento tem que ser travado ao mesmo tempo em que "a inflação está crescendo mais do que o esperado".
O investidor prevê um cenário que não é "promissor" para os emergentes. Ele afirmou que não é "um cenário terrível" porque a atual retirada de dinheiro de países como o Brasil acontece simultaneamente à recuperação da economia mundial, que, no entanto, "deve diminuir o ritmo".
Soros afirmou ainda que a decisão da Argentina de decretar a moratória de sua dívida em 2001 funcionou bem para o país, mas que não é uma alternativa para o Brasil. "Seria um erro."


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