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CONJUNTURA
Megainvestidor crê em estagnação com inflação no próximo ano
Soros vê riscos na retomada dos EUA
RAFAEL CARIELLO
DE NOVA YORK
O megainvestidor George Soros
disse ontem em Nova York que a
economia americana deve entrar
num ciclo de estagflação (falta de
crescimento associada à permanência da inflação) em 2005.
Para Soros, foram tomadas medidas para favorecer uma situação econômica positiva no segundo semestre deste ano, quando
acontece a eleição presidencial
nos EUA, e dessa maneira favorecer o presidente George W. Bush.
A atual retomada americana, no
entanto, não deve se sustentar, diz
Soros, após a esperada decisão do
Fed (banco central dos EUA) de
aumentar os juros básicos da economia nas próximas reuniões.
Para o investidor, o responsável
pela situação que prevê é o próprio governo Bush, ao praticar altos níveis de déficit orçamentário.
"A economia não está tão bem
[quanto se diz] também."
Soros está abertamente em
campanha nos EUA para tirar o
presidente Bush do poder. Ele financia organizações independentes que apóiam o candidato do
Partido Democrata, John Kerry.
As declarações de ontem foram
feitas durante entrevista com a
imprensa brasileira motivada pelo lançamento no Brasil de seu livro "A Bolha da Supremacia
Americana - Corrigindo o Abuso
de Poder dos EUA", em que faz
críticas às decisões de política internacional do governo Bush.
Segundo Soros, os gastos do governo americano simultâneos a
um ciclo de retomada da atividade econômica pressionam a inflação e, quando a economia se recupera, como agora, se torna necessário aumentar as taxas de juros.
Cria-se uma dinâmica, disse Soros, em que o crescimento tem
que ser travado ao mesmo tempo
em que "a inflação está crescendo
mais do que o esperado".
O investidor prevê um cenário
que não é "promissor" para os
emergentes. Ele afirmou que não
é "um cenário terrível" porque a
atual retirada de dinheiro de países como o Brasil acontece simultaneamente à recuperação da economia mundial, que, no entanto,
"deve diminuir o ritmo".
Soros afirmou ainda que a decisão da Argentina de decretar a
moratória de sua dívida em 2001
funcionou bem para o país, mas
que não é uma alternativa para o
Brasil. "Seria um erro."
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