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Pressão continuará, dizem analistas
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
A pressão atual sobre os preços
do petróleo tem caráter estrutural, com aumento na demanda e
limites de produção entre vários
fornecedores, e deve continuar no
longo prazo. A possibilidade de
novos atentados e a instabilidade
no Oriente Médio também devem
manter as cotações em alta.
A análise é de alguns dos principais institutos do setor ouvidos
pela Folha nos Estados Unidos.
Para o FMI (Fundo Monetário
Internacional), a manutenção dos
preços na faixa de US$ 40 o barril
poderá comprometer as estimativas para o crescimento mundial
divulgadas recentemente.
Segundo John Felmy, economista-chefe do Instituto Americano do Petróleo, que representa
400 empresas nos EUA, "são os
fundamentos do mercado que estão regulando os preços".
"A demanda chinesa tende a
continuar elevada, os EUA estão
crescendo, assim como várias outras partes do mundo, pressionando a demanda", diz.
Felmy espera "forte contencioso" na reunião dos países-membros da Opep (Organização dos
Países Exportadores de Petróleo),
que acontece hoje e amanhã em
Beirute, no Líbano.
No encontro, a Arábia Saudita,
pressionada pelos EUA, tentará
convencer os outros produtores a
concordarem com um aumento
na produção.
"Oito dos países envolvidos [na
Opep] não têm nenhuma condição de aumentar a produção. Estão no limite. Arábia Saudita,
Emirados Árabes e Qatar são os
únicos que poderiam fazer isso.
Se o fizerem, os preços podem
cair um pouco. Mas todos os outros vão começar a perder dinheiro", afirma Felmy.
Seth Kleiman, economista da
PFC Energy, uma das maiores
consultorias do setor nos EUA,
afirma que há "pouquíssima capacidade ociosa entre os países
produtores, agora combinada a
uma demanda crescente".
"O mundo entrou em uma fase
de crescimento global com os preços no alto, e a simples ameaça de
ataques terroristas continuará
adicionando pressões especulativas ao quadro", afirma.
Nos Estados Unidos, a Casa
Branca continua pressionando e
demonstrando confiança na promessa da Arábia Saudita -dona
das maiores reservas- de aumentar sua produção de 8,5 milhões de barris/dia para cerca de 9
milhões a partir deste mês.
O impacto do petróleo na faixa
de US$ 40 o barril tem sido ainda
mais duro sobre os EUA, o maior
consumidor no mundo.
Com a gasolina a US$ 2 o galão
(3,8 litros), o preço do petróleo
entrou para o centro da campanha eleitoral americana e é uma
ameaça ao ritmo da forte recuperação econômica atual.
A gasolina nos EUA está hoje
US$ 0,50 mais cara do que quando o presidente George W. Bush
assumiu a Presidência, em 2001.
Algumas estimativas indicam
que, na média, as famílias americanas gastarão US$ 650 a mais
neste ano para abastecer seus carros. O valor equivale ao que famílias de classe média receberam de
benefícios com a política de corte
de impostos de Bush.
Os preços da gasolina já afetam
os índices de confiança dos consumidores americanos e, para o
FMI, podem ter impacto na recuperação global em curso.
Segundo o Fundo, cada aumento de US$ 5 no barril de petróleo
poderá retirar 0,3 ponto percentual da estimativa de crescimento
global em 2004 -de 4,6%, feita
considerando o barril ainda na
faixa de US$ 30.
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