São Paulo, sexta-feira, 02 de junho de 2006

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Banco franco-suíço desiste de comprar Varig em leilão

Ocean Air, outra potencial candidata, afirma que há dúvidas sobre o negócio

Empresas temem herdar passivos trabalhista e tributário da companhia aérea, e operação, na 2ª, fica cada vez mais incerta

MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL

É cada vez mais incerto o futuro do leilão da Varig, que acontece na próxima segunda. Em meio ao receio de compradores em potencial de herdarem os passivos trabalhistas e tributários da empresa, um dos investidores que mais vinham manifestando interesse em comprar a empresa, a Azulis Capital, que atuava em parceria com um banco franco-suíço, desistiu ontem do negócio.
Segundo Emerson Pieri, representante do banco, a desistência foi decorrente do fato de o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) não ter oferecido condições ideais de financiamento.
Além disso, afirmou, preocupou a possibilidade de a Varig nova, vendida sem dívidas no leilão, ter que arcar com o passivo do fundo de pensão dos funcionários da companhia, o Aerus. "Se o passivo não for honrado pela Varig velha em cinco anos, a responsabilidade fica com a Varig nova."
Da mesma forma, a Ocean Air, apontada como uma das principais interessadas, tem várias dúvidas sobre o negócio. "O risco de sucessão trabalhista é uma das questões críticas. Certos pontos não estão claros", disse o presidente da empresa, Carlos Ebner. "Mas ainda estamos interessados."
Há rumores de que o dono da companhia aérea, o empresário German Efromovich, teria se aliado ao controvertido russo Boris Berezovski -multimilionário empresário da mídia que fugiu da Rússia após romper com o presidente Vladimir Putin- para comprar a Varig.
A Webjet também avalia se entrará no leilão, assim como o escritório de advocacia Ulhôa Canto, Rezende e Guerra, que representa um fundo de investimentos que atua no Reino Unido e nos EUA.
Até agora, Gol, o consórcio Aero-LB (liderado pela portuguesa TAP), Ocean Air, TAM e Webjet entraram no data room para acessar as informações da Varig. Mas nos casos de Gol e TAM o interesse principal não é fazer lances no leilão, e sim ter acesso aos dados confidenciais da Varig e monitorar o interesse de concorrentes.
Já a Aero-LB acessou a sala porque se preocupou com o fato de alguns ativos da VEM, ex-subsidiária de manutenção da Varig que foi vendida para a TAP, terem sido incluídos na relação de bens a serem leiloados na segunda-feira.
Após uma conversa com o juiz Luiz Roberto Ayoub, da 8ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, isso foi alterado pela consultoria Alvarez & Marsal, que conduz o processo de reestruturação da Varig.

Dois modelos
O leilão inclui dois modelos de venda: o primeiro oferece a Varig Operacional, que reúne rotas domésticas e internacionais, com lance mínimo de US$ 860 milhões; o segundo oferece somente as rotas domésticas, por US$ 700 milhões.
O modelo negociado será o que tiver o maior lance. Em ambos os casos, a empresa seria vendida sem dívidas, mas a avaliação de especialistas é que há riscos de no futuro o comprador ser acionado pelo passivo da Varig (mais de R$ 7 bilhões).


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