|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Governo não muda meta de inflação para 2009
"Não há por que mudar em algo que está dando certo", afirma Mantega
Margem de variação de dois pontos percentuais em relação ao centro da meta
também continua; decisão será ratificada pelo CMN
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo decidiu manter
em 4,5% a meta de inflação para 2009. O intervalo de variação continuará sendo de dois
pontos percentuais para mais
ou para menos.
"Não há por que mexer em
algo que está dando certo", disse o ministro Guido Mantega
(Fazenda) à Folha.
A decisão será confirmada na
reunião do CMN (Conselho
Monetário Nacional) deste
mês. Paulo Bernardo (Planejamento) e Henrique Meirelles
(presidente do Banco Central)
também são do conselho.
A meta de 4,5% não é consenso dentro da equipe econômica. O BC propôs uma redução para 4% e Bernardo já disse
que há espaço para reduzir a
meta de 2009.
Ao manter a meta para a inflação inalterada -o percentual de 4,5% vigora desde
2006-, o governo prioriza a
discussão sobre a velocidade na
queda dos juros.
Uma inflação de 4,5% ao ano
significa que o BC tem um espaço maior de manobra para
acomodar eventuais aumentos
de preço sem a necessidade de
mexer nos juros.
Se a meta para a inflação fosse reduzida para 4%, ou o intervalo de variação, reduzido, e
houvesse alguma oscilação nos
preços, o risco de um aumento
nos juros seria maior.
Na prática, o que deve ocorrer é que a inflação seguirá
abaixo do centro da meta. Neste ano, por exemplo, o mercado
financeiro projeta alta de 3,5%
nos preços. Em 2008 e 2009, a
inflação esperada é de 4%.
A avaliação que prevalece no
governo é que, ao manter a meta em 4,5% em 2008 e 2009,
não haverá sinalização de que
se aceita uma inflação maior.
Isso porque as expectativas do
mercado já estão abaixo do
centro da meta e não serão alteradas se o valor for mantido.
O argumento contrário, defendido pelo BC, é que o momento é ideal para reforçar a
tendência de queda da inflação
sem custos elevados. Como o
mercado financeiro já projeta
um aumento baixo de preços,
se o governo fixar uma meta de
4%, não haverá necessidade de
ajuste nos juros.
A vantagem nesse caso é que
o país estará avançando no
combate à inflação e aproximando a taxa daquela que prevalece em países desenvolvidos
(2% ao ano, em média).
Isso num momento em que o
cenário internacional é bastante favorável e a economia brasileira é bem avaliada pelos
avanços na política econômica.
O sistema de metas para a inflação foi adotado em 1999, durante a crise da desvalorização
do real. Desde então, a inflação
ficou acima do centro da meta
fixado pelo CMN. A exceção foi
o ano passado, quando o aumento de preços foi de 3,1%.
Texto Anterior: Vaivém das commodities Próximo Texto: PF prende grupo acusado de fraudar US$ 1 bi em títulos
Índice
|