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PF prende grupo acusado de fraudar US$ 1 bi em títulos
Grupo é suspeito de falsificar e negociar títulos de crédito no Brasil e em mais 21 países; ontem ocorreram 12 prisões
Operação Bruxelas, que contou com 124 policiais no país, tem como alvos empresários, advogados e um funcionário do Senado
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Polícia Federal prendeu 12
integrantes de uma quadrilha
que falsificava títulos de crédito de instituições financeiras
com valores de face que, somados, chegariam a US$ 1 bilhão e
que eram comercializados no
Brasil e em mais 21 países.
Os títulos eram falsificados
em Goiânia, onde foram presos
dois acusados. No mesmo local
forjavam-se certificados que
garantiam a autenticidade dos
documentos, entre os quais os
emitidos pelo "Swift" (Society
for Worldwide Interbank Financial Telecomunication).
A Swift é uma rede de telecomunicações, criada em 1973 em
Bruxelas, que funciona como
um sistema integrado de compensação em operações internacionais. Atende mais de
8.000 instituições em 207 países e territórios. No Brasil, 83
bancos estão cadastrados.
Batizada de "Bruxelas", capital da Bélgica, onde está situada
a sede da Swift, a operação da
PF prendeu, em São Paulo e
Curitiba, os investigados acusados de comandar o esquema. A
ação contou com 124 policiais.
O delegado David Sérvulo, da
PF em Brasília, que coordena a
investigação iniciada em junho
do ano passado, disse que o grupo atuava desde 1996, segundo
depoimentos já colhidos.
A organização teria praticado, entre outros, os crimes de
falsificação de títulos de crédito, formação de quadrilha, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro, além de crime contra o
sistema financeiro. Somente a
emissão dos títulos falsos rendeu aos responsáveis por sua
produção lucro de US$ 100 mil
no ano passado.
Ganho maior teriam os empresários de São Paulo, Wagner
dos Santos, e de Curitiba, Alceu
Lima, donos das empresas em
nome das quais os títulos de
crédito eram emitidos. Recebiam de 3% a 5% do valor de face inscritos nos documentos
negociados, diz a PF. Santos teria teria faturado US$ 300 mil
com o negócio em 2006. A Folha não localizou os representantes legais dos empresários.
Sérvulo disse que os títulos
eram comprados por pessoas
de boa e de má-fé no exterior.
No primeiro caso, por exemplo,
há um empresário norte-americano que adquiriu papéis falsificados no valor de US$ 900
milhões. Iria usá-los como garantia para um empréstimo em
uma instituição financeira
quando descobriu a fraude e
acionou o FBI, a polícia federal
dos EUA. Na Romênia, há em
circulação dez títulos emitidos
pelo grupo, com valor de face de
US$ 50 milhões cada um.
A principal linha de investigação tem como foco aqueles
que compraram de má-fé, como ocorreu no Equador. A intenção dos adquirentes era
usar o título comprado para fazer um empréstimo por meio
do qual iriam esquentar dinheiro do narcotráfico.
Emitidos a mando dos empresários de São Paulo e Curitiba, os títulos eram negociados,
no Brasil e no exterior, por
meio de intermediários, que,
em regra, atuavam de má-fé.
Um desses intermediários foi
preso ontem em Brasília. É Givon Siqueira Machado Filho,
funcionário do Senado, que
desde 7 de março se afastou das
atividades, mediante licença
sem vencimentos. Ele é assessor técnico e já trabalhou nos
gabinetes dos senadores Cícero
Lucena (PSDB-PB), Sibá Machado (PT-AC) e Eduardo Siqueira Campos (PSDB-TO).
O serviço telefônico informa
que, a pedido do assinante, o telefone de Machado Filho está
programado para não receber
chamadas. A PF pediu a prisão
de 14 suspeitos. Dois estão foragidos: um no Rio de Janeiro e
outro em Portugal.
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