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COMÉRCIO EXTERIOR
Saldo de US$ 2,6 bi é o maior para um 1º semestre nos anos FHC
Importações em queda dão superávit recorde à balança
CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A balança comercial do primeiro semestre teve o melhor resultado do período no governo Fernando Henrique Cardoso. O saldo positivo nos seis primeiros
meses do ano é de US$ 2,606 bilhões, pouco mais da metade do
superávit de US$ 5 bilhões projetado pelo governo para 2002.
O país vinha registrando saldo
negativo no primeiro semestre
desde 1995. O desempenho comercial do período, porém, é resultado do encolhimento da economia mundial, principalmente
na América Latina, e não do aumento de exportações.
A região consome 60% dos produtos manufaturados brasileiros.
Somente para a Argentina, a queda das exportações foi de 66% até
maio. De acordo com a secretária
de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Lytha
Spíndola, além dos baixos preços
dos produtos básicos desde 1997,
neste ano os preços dos produtos
manufaturados que o Brasil exporta também começaram a cair,
resultado da fraca demanda.
O saldo acumulado até junho
contribuiu para diminuir o déficit
em conta corrente (diferença entre dólares que entram e que saem
do país), acumulado em US$
7,041 bilhões até maio.
Mas, como não houve aumento
de exportações, o país não está
produzindo saldo suficiente para
diminuir a dependência do capital externo especulativo (de curta
permanência), com o qual conta
para financiar suas contas.
No primeiro semestre, as exportações diminuíram 13,4% com relação ao mesmo período de 2001,
e as importações, 22,6%. O Brasil
perdeu US$ 3,875 bilhões em exportações, enquanto deixou de
comprar US$ 6,554 bilhões em
mercadorias, o que gerou o saldo
positivo.
O país comprou menos bens de
consumo, mas também diminuiu
em 25% as importações de bens
de capital e em 23% as de matérias-primas. Isso significa que há
queda na produção. Segundo
Lytha, pode haver também substituição de importações em alguns setores.
Até junho, o país exportou US$
25,052 bilhões e importou US$
22,446 bilhões. Do valor das vendas, é preciso descontar US$ 357
milhões referentes à devolução de
seis aviões da Varig no início do
ano, o que reduz as exportações
para US$ 24,695 bilhões.
As exportações vêm crescendo
desde o início do governo FHC,
mas não o suficiente para produzir saldos comerciais. Em 1995, as
exportações foram de US$ 46,506
bilhões e em 2001 atingiram o recorde de US$ 58,222 bilhões.
O problema é que as importações saltaram de US$ 49,971 bilhões para US$ 55,576 bilhões, no
mesmo período. Apenas no ano
passado, as vendas foram maiores
do que as compras, produzindo o
primeiro superávit do governo
FHC, de US$ 2,646 bilhões.
Neste ano, o saldo já é quase o
mesmo de 2001, mas o país está
perdendo mercados. Até maio,
caíram as vendas para os Estados
Unidos em 2,8%; em 15,3% para a
União Européia; em 58,6% para o
Mercosul; em 2,7% para a Ásia e
em 8,1% para a Europa Oriental.
Desde abril, a greve dos funcionários da Receita Federal tornou-se outro problema para as exportações. Segundo Lytha, a paralisação pode estar prejudicando os embarques, mas também está afetando as importações.
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