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Liberada, importação de combustível não sobe
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Passados seis meses da abertura de mercado do setor de petróleo,
as importações de derivados ainda não deslancharam. Muitas empresas já têm autorização da ANP (Agência Nacional do Petróleo),
mas até agora o volume desembarcado no país é pequeno e as
empresas não demonstram o interesse de importar regularmente.
Embora existam 38 companhias autorizadas, só chegaram ao Brasil 61 milhões de litros de gasolina e 106 milhões de litros de diesel desde janeiro. Somados, esses volumes são suficientes para abastecer menos de 1.400 postos pelo
período de um mês. No país, são 29 mil revendedores.
Já autorizadas, Shell e Esso informam que estão se preparando
para importar, embora considerem que o preço da Petrobras
compensa e que só comprarão
numa oportunidade muito boa.
Elas descartam contratos fixos de
importação.
"Serão compras de oportunidade. Por isso, temos de estar preparados, para poder ter uma alternativa", disse o gerente de Suprimento da Shell, Flavio Rodrigues.
Segundo cálculos feitos por executivos do setor que não querem
ser identificados, a Petrobras cobrava antes do reajuste de sexta-feira (de 6,75% para a gasolina)
um preço, sem impostos, de R$
0,49 por litro. No exterior, a gasolina saía a R$ 0,55 o litro. Contando o frete e os demais custos de
importação, o derivado chegaria
aqui por cerca R$ 0,60 o litro.
Segundo o gerente de Suprimento da Esso, Sérgio Machado, a
Petrobras tem sido "eficiente" ao
manter seu preço competitivo,
afastando a necessidade de importação. A Petrobras reafirma
que irá "manter seus preços sempre alinhados com os do mercado
internacional".
Numa segunda fase da abertura
do mercado, a ANP quer agora
acabar com as cotas de retirada de
combustível a que cada distribuidora tem direito. A portaria que
determina a medida já está em
consulta pública, à espera de sugestões do setor.
"Não pode haver cota com regime de preço liberado. É um contra-senso", disse o superintendente Luiz Augusto Horta, da
ANP. Segundo ele, em caso de impasse, a agência poderá determinar uma cota para uma distribuidora que se sinta prejudicada.
A estatal informa que está negociando novos contratos com todos os clientes. Diz que um dos
critérios é justamente o volume
comprado pelas distribuidoras,
além da localidade e da forma de
entrega.
Outro temor do mercado é que
a Petrobras favoreça sua subsidiária BR, vendendo a um preço menor e aumentando sua retirada.
"Não vou dizer que não exista
essa preocupação. Os órgãos de
defesa da concorrência, inclusive
a ANP, terão de ter um olhar mais
próximo, devem estar mais atentos", disse Rodrigues, da Shell.
A Petrobras informou que não existe essa possibilidade e que os
contratos com a BR seguirão as mesmas regras dos demais.
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