São Paulo, terça-feira, 02 de julho de 2002

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Liberada, importação de combustível não sobe

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Passados seis meses da abertura de mercado do setor de petróleo, as importações de derivados ainda não deslancharam. Muitas empresas já têm autorização da ANP (Agência Nacional do Petróleo), mas até agora o volume desembarcado no país é pequeno e as empresas não demonstram o interesse de importar regularmente.
Embora existam 38 companhias autorizadas, só chegaram ao Brasil 61 milhões de litros de gasolina e 106 milhões de litros de diesel desde janeiro. Somados, esses volumes são suficientes para abastecer menos de 1.400 postos pelo período de um mês. No país, são 29 mil revendedores.
Já autorizadas, Shell e Esso informam que estão se preparando para importar, embora considerem que o preço da Petrobras compensa e que só comprarão numa oportunidade muito boa. Elas descartam contratos fixos de importação.
"Serão compras de oportunidade. Por isso, temos de estar preparados, para poder ter uma alternativa", disse o gerente de Suprimento da Shell, Flavio Rodrigues.
Segundo cálculos feitos por executivos do setor que não querem ser identificados, a Petrobras cobrava antes do reajuste de sexta-feira (de 6,75% para a gasolina) um preço, sem impostos, de R$ 0,49 por litro. No exterior, a gasolina saía a R$ 0,55 o litro. Contando o frete e os demais custos de importação, o derivado chegaria aqui por cerca R$ 0,60 o litro.
Segundo o gerente de Suprimento da Esso, Sérgio Machado, a Petrobras tem sido "eficiente" ao manter seu preço competitivo, afastando a necessidade de importação. A Petrobras reafirma que irá "manter seus preços sempre alinhados com os do mercado internacional".
Numa segunda fase da abertura do mercado, a ANP quer agora acabar com as cotas de retirada de combustível a que cada distribuidora tem direito. A portaria que determina a medida já está em consulta pública, à espera de sugestões do setor.
"Não pode haver cota com regime de preço liberado. É um contra-senso", disse o superintendente Luiz Augusto Horta, da ANP. Segundo ele, em caso de impasse, a agência poderá determinar uma cota para uma distribuidora que se sinta prejudicada.
A estatal informa que está negociando novos contratos com todos os clientes. Diz que um dos critérios é justamente o volume comprado pelas distribuidoras, além da localidade e da forma de entrega.
Outro temor do mercado é que a Petrobras favoreça sua subsidiária BR, vendendo a um preço menor e aumentando sua retirada.
"Não vou dizer que não exista essa preocupação. Os órgãos de defesa da concorrência, inclusive a ANP, terão de ter um olhar mais próximo, devem estar mais atentos", disse Rodrigues, da Shell.
A Petrobras informou que não existe essa possibilidade e que os contratos com a BR seguirão as mesmas regras dos demais.



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