São Paulo, terça-feira, 02 de julho de 2002

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País depende do FMI para fechar as contas

DA REPORTAGEM LOCAL

O Brasil deve ter de contar mais uma vez com a ajuda do FMI para fechar as contas externas neste ano. A melhora no resultado positivo da balança comercial não será suficiente para equilibrar as contas, devido à expressiva queda no investimento direto estrangeiro esperado para o ano.
No ano passado, graças a US$ 6,6 bilhões que foram emprestados pelo FMI (Fundo Monetário Internacional), o resultado do balanço de pagamentos -que contabiliza todos os dólares que entram e saem do país- foi positivo. Há duas semanas, o governo anunciou o saque de mais US$ 10 bilhões do FMI.
Na avaliação de instituições financeiras e consultorias ouvidas pela Folha, o resultado das transações correntes -que incluem os resultados da balança comercial, pagamento de juros, turismo internacional, remessas de lucros entre outras operações- deve ficar negativo em cerca de US$ 21 bilhões neste ano.
Para financiar esse rombo, a expectativa é que o país receba algo em torno de US$ 17 bilhões do exterior por meio de investimento e empréstimos (isso antes de serem contabilizados os US$ 10 bilhões que o governo acaba de receber do Fundo). O mercado espera que a balança comercial acumule um superávit de cerca de US$ 4,5 bilhões no ano, insuficiente para equilibrar as contas, devido à expressiva queda na entrada de dólares no país.
"É importante não esquecer que o último bimestre poderá ser de muita volatilidade, como reflexo do resultado das eleições presidenciais [em outubro", o que traria algumas surpresas para o resultado final das contas externas do país no ano", afirma Hélcio Takeda, economista do banco Interamerican Express.

Equilíbrio
O economista Fernando Barbosa, do banco BBV, explica que a utilização do dinheiro recebido do Fundo há poucos dias será fundamental para o resultado final das contas externas do país. Se o governo utilizar grande parte desses recursos em intervenções no câmbio, por exemplo, e quem comprar os dólares -empresas e instituições financeiras- os enviar para o exterior, o esperado efeito positivo nas contas no final do ano não acontecerá.
Quanto maior é o déficit em transações correntes, mais capital estrangeiro o país necessita para poder fechar as contas externas. Esses recursos chegam por meio de empréstimos e de investimentos diretos.
Um país com déficit alto é considerado vulnerável porque, em momentos de crise, pode enfrentar dificuldades para captar dinheiro no exterior.
"O governo não deveria permitir que o valor do real diante do dólar voltasse a aumentar muito. Um câmbio próximo dos R$ 2,70 por dólar traria benefícios para a balança comercial e, consequentemente, às contas externas do país", afirma Fernando Ferreira, diretor da Global Invest.



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