São Paulo, quinta-feira, 02 de agosto de 2001

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Bush e FMI dão apoio ao Plano Cavallo

MARCIO AITH
DE WASHINGTON

O governo dos EUA e o FMI (Fundo Monetário Internacional) esforçaram-se ontem para acalmar a turbulência econômica na Argentina. A Casa Branca divulgou que o presidente dos EUA, George W. Bush, telefonou para o presidente argentino, Fernando de la Rúa, parabenizando-o pelos esforços fiscais feitos nas últimas semanas para evitar o colapso econômico do país.
Horas depois, o secretário do Tesouro norte-americano, Paul O'Neill, autorizou seu secretário para assuntos internacionais, John Taylor, a viajar para Buenos Aires, para demostrar o apoio dos EUA à economia argentina.
O'Neill esforça-se para agradar a Argentina desde a semana passada, quando declarou que o sistema de câmbio do país é "indefensável" e sugerindo que os EUA não irão ajudar o governo de De la Rúa antes da desvalorização.
A ação do Tesouro também resulta de um editorial do New York Times, publicado ontem, apelando aos países ricos que ajudem a Argentina a sair de sua atual crise.
No FMI, durante uma reunião da diretoria executiva da instituição, o Fundo admitiu que poderá antecipar, em duas semanas, o desembolso da próxima parcela de seu programa com o país. A liberação antecipada dessa parcela, de US$ 1,2 bilhão, está prevista para a metade de setembro e está sendo solicitada pelo governo argentino desde junho passado.
O FMI não decidiu nada formalmente, mas os países membros do Fundo informaram que não se opõem à antecipação.
Depois da reunião, o diretor-gerente do FMI, Horst Köhler, divulgou nota "reiterando a boa vontade do Fundo em trabalhar com a Argentina para resolver as dificuldades econômicas atuais". Se o Fundo oficializar a antecipação do próximo desembolso, estima-se que o governo argentino possa sacar os recursos no começo do próximo mês.
A partir da próxima segunda-feira, a diretoria-executiva do FMI entrará em recesso por duas semanas (entre os dias 6 e 20 de agosto). Em tese, nada será aprovado durante esse período, mas as conversas sobre a Argentina poderão continuar. O Fundo deverá aprovar oficialmente a antecipação nas duas últimas semanas de agosto e liberar a próxima parcela para a Argentina nos primeiros dias de setembro.
Não se sabe se os esforços da Casa Branca e do FMI vão acalmar hoje os mercados. Investidores vêem a antecipação do próximo desembolso do FMI como uma medida muito pequena.
Ontem, Nicholas Brady, ex-secretário do Tesouro dos EUA, disse que os investidores internacionais estão "dançando em cima da cova" da Argentina, referindo-se aos juros cobrados em simples rolagens de títulos de curto prazo.


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