São Paulo, quinta-feira, 02 de agosto de 2001

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VIZINHO EM CRISE

Secretário diz que há interesse no adiantamento de recursos

Argentina afirma que quer recursos do FMI "para ontem"

France Presse
REVOLTA
Empregado de uma estatal argentina rasga a bandeira do país em protesto contra a diminuição dos salários do funcionalismo público; a manifestação foi em frente à Bolsa de Buenos Aires

ADRIANA MATTOS
FABIO ZANINI
ENVIADOS ESPECIAIS A FOZ DO IGUAÇU

O secretário-executivo de Comunicação do governo Fernando de la Rúa, Juan Pablo Baylac, confirmou ontem o forte interesse da Argentina em adiantar, o quanto antes, o recebimento de desembolsos do FMI (Fundo Monetário Internacional).
As declarações foram dadas ontem durante encontro entre FHC, Fernando De la Rúa e o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, em Foz do Iguaçu (PR). A Argentina precisa, segundo Baylac, da liberação de algo entre US$ 8 bilhões e US$ 10 bilhões, que compõem a parcela de ajuda financeira concedida pelo Fundo ao país. A "blindagem" total, organizada pelo Fundo, mas concedida por organismos multilaterais, soma US$ 39,7 bilhões, liberados em parcelas. A Argentina quer antecipar o recebimento de dinheiro. "Estamos solicitando ajuda imediata para agora, para ontem", disse Baylac.
Em entrevista, De la Rúa falou pouco sobre a situação argentina. Disse que o "governo está aplicando um modelo econômico social em face das condições que recebeu o país". De la Rúa se reuniu no final da tarde com Blair em Puerto Iguazu, na Argentina.

Solidariedade
Durante cerca de duas horas, FHC esteve reunido com Blair e De la Rúa no hotel Cataratas e, após o encontro, os três fizeram discursos em defesa da solidariedade à Argentina. "Eu acho, o Brasil acha que o esforço argentino merece nosso apoio", disse FHC. "A Argentina tem condições, sob a liderança de De la Rúa, de ter sucesso com as reformas que estão sendo implementadas." O primeiro-ministro britânico se lembrou de reforçar o apoio aos argentinos, mas não falou em ajuda financeira. Nos últimos dias circularam boatos de que Blair poderia mostrar interesse em intermediar financiamentos a favor do país vizinho. "Apoiamos esse processo de reforma argentina e esperamos que o mundo entenda esse esforço."
De la Rúa ressaltou que outros países também dependem da saúde econômica argentina. "Para o bem da região e dos outros países, é importante o bom desempenho de nossa economia."
Logo após essas declarações, Blair afirmou que poderá pedir a parceiros estrangeiros que atuem em favor da Argentina, mas não quis detalhar que tipo de apoio poderia ser dado ao país.



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