São Paulo, quinta-feira, 02 de agosto de 2001

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BALANÇA

Exportações caíram por causa da queda do ritmo do crescimento mundial, da crise argentina e do racionamento

Saldo comercial sobe, mas ainda decepciona

ANDRÉ SOLIANI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Apesar das exportações terem finalmente superado as importações neste ano, não há motivos para comemorar. O saldo comercial acumulado até julho equivale a 4,2% do resultado do mesmo período do ano passado. Em 2000, o país acumulava, até julho, superávit de US$ 900 milhões. Neste ano, US$ 38 milhões.
O mais grave é que, ao contrário do ano passado, as exportações vão mal. A diminuição do ritmo de crescimento mundial, a crise argentina e o racionamento de energia elétrica seguraram as vendas brasileiras para o exterior.
Conseguir acumular um superávit só foi possível porque o país está crescendo menos. Com ritmo menor de crescimento, tendência de queda na produção industrial e ameaça de desemprego, a sociedade está comprando menos produtos importados.
"Apesar do saldo positivo, não é um mês [julho] que a gente vai comemorar", disse o secretário-executivo da Camex (Câmara de Comércio Exterior), Roberto Giannetti da Fonseca.
O saldo em julho foi praticamente o mesmo de igual mês do ano passado. O país conseguiu superávit de US$ 108 milhões no mês passado. Isso foi possível porque as crises mundial e interna derrubaram tanto as exportações como as importações.
Com relação ao mesmo mês de 2000, as exportações caíram 0,8% e as importações, 0,6%. Como julho teve um dia útil a menos, a queda das importações e das exportações foi, de fato, maior.
Se for contabilizada pela média diária de exportações, a queda das vendas foi de 5,3%. A das importações, de 5,1%.
"Gerar superávits em cima de baixo crescimento econômico não é nenhum mérito", afirmou Giannetti. "Quando o FMI (Fundo Monetário Internacional) quer que um país tenha superávits comerciais, ele pede que se fabrique uma recessão." Ele garantiu que o Brasil e o Fundo não têm a intenção de segurar o crescimento para ajudar a balança comercial.
O que mais preocupa o Ministério do Desenvolvimento é a queda das vendas de bens industrializados. No ano passado, quando o país amargou déficit de US$ 724 milhões, o governo alardeava o aumento de 16,2% das exportações de bens industrializados como a boa notícia do ano.



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