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BALANÇA
Exportações caíram por causa da queda do ritmo do crescimento mundial, da crise argentina e do racionamento
Saldo comercial sobe, mas ainda decepciona
ANDRÉ SOLIANI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar das exportações terem
finalmente superado as importações neste ano, não há motivos
para comemorar. O saldo comercial acumulado até julho equivale
a 4,2% do resultado do mesmo
período do ano passado. Em
2000, o país acumulava, até julho,
superávit de US$ 900 milhões.
Neste ano, US$ 38 milhões.
O mais grave é que, ao contrário
do ano passado, as exportações
vão mal. A diminuição do ritmo
de crescimento mundial, a crise
argentina e o racionamento de
energia elétrica seguraram as vendas brasileiras para o exterior.
Conseguir acumular um superávit só foi possível porque o país
está crescendo menos. Com ritmo
menor de crescimento, tendência
de queda na produção industrial e
ameaça de desemprego, a sociedade está comprando menos produtos importados.
"Apesar do saldo positivo, não é
um mês [julho] que a gente vai comemorar", disse o secretário-executivo da Camex (Câmara de Comércio Exterior), Roberto Giannetti da Fonseca.
O saldo em julho foi praticamente o mesmo de igual mês do
ano passado. O país conseguiu superávit de US$ 108 milhões no
mês passado. Isso foi possível
porque as crises mundial e interna derrubaram tanto as exportações como as importações.
Com relação ao mesmo mês de
2000, as exportações caíram 0,8%
e as importações, 0,6%. Como julho teve um dia útil a menos, a
queda das importações e das exportações foi, de fato, maior.
Se for contabilizada pela média
diária de exportações, a queda das
vendas foi de 5,3%. A das importações, de 5,1%.
"Gerar superávits em cima de
baixo crescimento econômico
não é nenhum mérito", afirmou
Giannetti. "Quando o FMI (Fundo Monetário Internacional) quer
que um país tenha superávits comerciais, ele pede que se fabrique
uma recessão." Ele garantiu que o
Brasil e o Fundo não têm a intenção de segurar o crescimento para
ajudar a balança comercial.
O que mais preocupa o Ministério do Desenvolvimento é a queda
das vendas de bens industrializados. No ano passado, quando o
país amargou déficit de US$ 724
milhões, o governo alardeava o
aumento de 16,2% das exportações de bens industrializados como a boa notícia do ano.
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