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COMÉRCIO EXTERIOR
EUA lideram lista de importadores; para analista, exportação segura crescimento da economia brasileira
Forte crescimento global impulsiona vendas
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O forte ritmo de crescimento da
economia mundial é a principal
causa dos sucessivos recordes nas
exportações brasileiras. Com os
principais parceiros comerciais
do Brasil crescendo a taxas elevadas, os resultados da balança estão conseguindo se manter, até
agora, relativamente distantes
dos efeitos da queda do dólar.
"O comércio internacional está
crescendo muito. O crescimento
econômico dos EUA, por exemplo, está bem acima do esperado",
afirma o economista-chefe do
BNP Paribas, Alexandre Lintz.
Entre janeiro e julho deste ano,
o país que mais comprou produtos brasileiros foi os EUA. As exportações para os americanos somaram US$ 12,872 bilhões no período -19,9% do total. Argentina
e China, outros importantes consumidores do Brasil, também
crescem vigorosamente.
Fernando Ribeiro, economista
da Sobeet (Sociedade Brasileira de
Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica), ressalta ainda o impacto que o
aumento dos preços das chamadas "commodities", como minérios e produtos agrícolas, têm sobre as exportações do Brasil. Cerca de 30% das vendas externas do
país se referem a esses produtos.
Com a economia mundial apresentando um comportamento favorável, a balança não sente tanto,
até agora, o impacto da recente
queda do dólar -em tese, a valorização do real encarece os produtos brasileiros no exterior. "O
câmbio não está prejudicando",
diz Ribeiro.
Mantido esse cenário, a expectativa é que as exportações e a balança continuem a apresentar resultados positivos no segundo semestre, mas os recordes observados nos últimos meses não devem
continuar se repetindo.
"Não acredito que, nos próximos meses, continue ocorrendo a
mesma coisa", diz o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Ivan Ramalho.
"As importações costumam estar
vinculadas à produção industrial,
que têm apresentado resultados
positivos. Não há porque não esperar um crescimento mais expressivo [das importações no segundo semestre]", afirma.
"Sazonalmente, as importações
dão uma estilingada no final do
ano", diz Ribeiro, da Sobeet. Muitas empresas começam, já no início do segundo semestre, a formar estoques para o aumento das
vendas nas festas de fim de ano.
Em julho, porém, esse movimento ainda não foi observado.
No mês passado, a média diária
das importações cresceu apenas
2,6% em relação a junho, enquanto a expansão das exportações ficou em 14,7% no período.
O baixo crescimento nas importações pode estar relacionado
com a desaceleração da economia, que diminui a procura das
empresas por matérias-primas.
Para Alexandre Lintz, do BNP Paribas, nesse cenário de desaquecimento interno, são as exportações
que acabam segurando o crescimento da economia.
"Sem dúvida a demanda externa está garantindo a geração de
empregos, que vai ajudar, num
segundo momento, na recuperação da demanda interna", afirma
Lintz. A projeção do BNP é que a
balança comercial registre um superávit de US$ 38,5 bilhões neste
ano. A estimativa da Sobeet aponta para um valor entre US$ 37 bilhões e US$ 38 bilhões.
Greve
Ramalho minimizou o efeito
que a greve dos fiscais da receita,
realizada no mês passado, possa
ter tido sobre as exportações. Na
penúltima semana de julho, o governo chegou a citar a paralisação
como um dos motivos para a queda de 23,5% na média diária das
vendas ao exterior naquele período. Para ele, as exportações que
não puderam ser concretizadas
durante a greve foram feitas normalmente nos dias que se seguiram à paralisação, não prejudicando o resultado do mês.
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