São Paulo, terça-feira, 02 de agosto de 2005

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COMÉRCIO EXTERIOR
EUA lideram lista de importadores; para analista, exportação segura crescimento da economia brasileira
Forte crescimento global impulsiona vendas

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O forte ritmo de crescimento da economia mundial é a principal causa dos sucessivos recordes nas exportações brasileiras. Com os principais parceiros comerciais do Brasil crescendo a taxas elevadas, os resultados da balança estão conseguindo se manter, até agora, relativamente distantes dos efeitos da queda do dólar.
"O comércio internacional está crescendo muito. O crescimento econômico dos EUA, por exemplo, está bem acima do esperado", afirma o economista-chefe do BNP Paribas, Alexandre Lintz.
Entre janeiro e julho deste ano, o país que mais comprou produtos brasileiros foi os EUA. As exportações para os americanos somaram US$ 12,872 bilhões no período -19,9% do total. Argentina e China, outros importantes consumidores do Brasil, também crescem vigorosamente.
Fernando Ribeiro, economista da Sobeet (Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica), ressalta ainda o impacto que o aumento dos preços das chamadas "commodities", como minérios e produtos agrícolas, têm sobre as exportações do Brasil. Cerca de 30% das vendas externas do país se referem a esses produtos.
Com a economia mundial apresentando um comportamento favorável, a balança não sente tanto, até agora, o impacto da recente queda do dólar -em tese, a valorização do real encarece os produtos brasileiros no exterior. "O câmbio não está prejudicando", diz Ribeiro.
Mantido esse cenário, a expectativa é que as exportações e a balança continuem a apresentar resultados positivos no segundo semestre, mas os recordes observados nos últimos meses não devem continuar se repetindo.
"Não acredito que, nos próximos meses, continue ocorrendo a mesma coisa", diz o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Ivan Ramalho. "As importações costumam estar vinculadas à produção industrial, que têm apresentado resultados positivos. Não há porque não esperar um crescimento mais expressivo [das importações no segundo semestre]", afirma.
"Sazonalmente, as importações dão uma estilingada no final do ano", diz Ribeiro, da Sobeet. Muitas empresas começam, já no início do segundo semestre, a formar estoques para o aumento das vendas nas festas de fim de ano.
Em julho, porém, esse movimento ainda não foi observado. No mês passado, a média diária das importações cresceu apenas 2,6% em relação a junho, enquanto a expansão das exportações ficou em 14,7% no período.
O baixo crescimento nas importações pode estar relacionado com a desaceleração da economia, que diminui a procura das empresas por matérias-primas. Para Alexandre Lintz, do BNP Paribas, nesse cenário de desaquecimento interno, são as exportações que acabam segurando o crescimento da economia.
"Sem dúvida a demanda externa está garantindo a geração de empregos, que vai ajudar, num segundo momento, na recuperação da demanda interna", afirma Lintz. A projeção do BNP é que a balança comercial registre um superávit de US$ 38,5 bilhões neste ano. A estimativa da Sobeet aponta para um valor entre US$ 37 bilhões e US$ 38 bilhões.

Greve
Ramalho minimizou o efeito que a greve dos fiscais da receita, realizada no mês passado, possa ter tido sobre as exportações. Na penúltima semana de julho, o governo chegou a citar a paralisação como um dos motivos para a queda de 23,5% na média diária das vendas ao exterior naquele período. Para ele, as exportações que não puderam ser concretizadas durante a greve foram feitas normalmente nos dias que se seguiram à paralisação, não prejudicando o resultado do mês.

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