São Paulo, terça-feira, 02 de agosto de 2005

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VAREJO

Entidade vê queda de 12% nas vendas natalinas em SP em relação a 2004

Comércio prevê pior Natal da história

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Este será o pior Natal da história do varejo paulista segundo avaliação realizada ontem-e não encampada pelo mercado- da Fecomercio SP, entidade que representa 500 mil empresas da área no Estado de São Paulo. Estima-se uma queda de 12% das vendas do setor na região metropolitana da capital em dezembro de 2005 em relação a 2004 -taxa inferior, inclusive à registrada em 2001, ano de crise energética.
A "blindagem" do setor contra a crise política que afeta o governo teria evitado, até o momento, uma contaminação nos resultados, avalia a entidade. O temor é que isso seja temporário e os respingos comecem a afetar o setor -algo que já teria, inclusive, começado, segundo a ACSP (Associação Comercial de São Paulo). "Renda em queda e calote atrapalham. Mas já pode existir uma queda na confiança do comprador e nas vendas por conta do cenário político", diz Emílio Alfieri, economista da ACSP.
Novos dados mostram que julho apresentou a menor taxa de expansão para as vendas a prazo na capital neste ano, informou ontem a ACSP.
A alta na venda parcelada foi de 2,5% -nos meses anteriores, a média foi de 6%. Na venda à vista, ficou-se no zero a zero em julho (tímida elevação de 0,1%).
O recado do varejo já bateu na porta da indústria, diz a ACSP. As fábricas começam a se preparar, a partir deste mês, para a produção do último trimestre com base nas estimativas de encomendas das lojas para os próximos meses.
Calote persistente, renda minguada, juros elevados e os reflexos do escândalo do "mensalão" também podem ainda alterar para baixo essa previsão de queda de 12% no faturamento no final de ano, diz a federação. "É óbvio que se houver deterioração do quadro político, com as denúncias atingindo o Executivo, a queda de 12% tende a ser mais acentuada por uma possível deterioração de indicadores econômicos", disse Antonio Carlos Borges, diretor da federação.
A análise da federação é vista com cuidado pela ACSP, que adota uma postura mais cautelosa. "Há o fator político pesando, mas acredito que ainda é cedo para falar em resultados negativos no final de ano", afirma Emílio Alfieri.
Ainda que na esteira de algumas avaliações mais pessimistas, uma série de dados divulgados ontem mostram que o comércio conseguiu registrar um bom desempenho de janeiro a junho É certo afirmar que isso ocorreu, em parte, pelos resultados do setor automobilístico, que puxaram as taxas de expansão do semestre. Mas é fato que, entre os dez segmentos da área varejista, oito tiveram expansão no primeiro semestre (veja tabela abaixo).
No primeiro semestre, o setor teve alta de 7,5% no faturamento real em relação a 2005 na região metropolitana. Automóveis, vestuário e eletrodomésticos tiveram os melhores desempenhos. Supermercados amargaram perda de 7% na receita no período.
Os economistas fazem ressalvas em relação aos números do semestre. "Dessa alta de 7,5%, se você tirar a venda de carros e de autopeças, a taxa cai para 3,5%", diz Borges, da Fecomercio.
Segundo ele, há uma boa expectativa de que os reajustes salariais de várias categorias no segundo semestre, somada à restituição do Imposto de Renda, elevem o volume de recursos na praça e dêem fôlego para uma melhora no desempenho do setor nos próximos meses.

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