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VAREJO
Entidade vê queda de 12% nas vendas natalinas em SP em relação a 2004
Comércio prevê pior Natal da história
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Este será o pior Natal da história
do varejo paulista segundo avaliação realizada ontem-e não encampada pelo mercado- da Fecomercio SP, entidade que representa 500 mil empresas da área no
Estado de São Paulo. Estima-se
uma queda de 12% das vendas do
setor na região metropolitana da
capital em dezembro de 2005 em
relação a 2004 -taxa inferior, inclusive à registrada em 2001, ano
de crise energética.
A "blindagem" do setor contra a
crise política que afeta o governo
teria evitado, até o momento,
uma contaminação nos resultados, avalia a entidade. O temor é
que isso seja temporário e os respingos comecem a afetar o setor
-algo que já teria, inclusive, começado, segundo a ACSP (Associação Comercial de São Paulo).
"Renda em queda e calote atrapalham. Mas já pode existir uma
queda na confiança do comprador e nas vendas por conta do cenário político", diz Emílio Alfieri,
economista da ACSP.
Novos dados mostram que julho apresentou a menor taxa de
expansão para as vendas a prazo
na capital neste ano, informou
ontem a ACSP.
A alta na venda parcelada foi de
2,5% -nos meses anteriores, a
média foi de 6%. Na venda à vista,
ficou-se no zero a zero em julho
(tímida elevação de 0,1%).
O recado do varejo já bateu na
porta da indústria, diz a ACSP. As
fábricas começam a se preparar, a
partir deste mês, para a produção
do último trimestre com base nas
estimativas de encomendas das
lojas para os próximos meses.
Calote persistente, renda minguada, juros elevados e os reflexos
do escândalo do "mensalão" também podem ainda alterar para
baixo essa previsão de queda de
12% no faturamento no final de
ano, diz a federação. "É óbvio que
se houver deterioração do quadro
político, com as denúncias atingindo o Executivo, a queda de
12% tende a ser mais acentuada
por uma possível deterioração de
indicadores econômicos", disse
Antonio Carlos Borges, diretor da
federação.
A análise da federação é vista
com cuidado pela ACSP, que adota uma postura mais cautelosa.
"Há o fator político pesando, mas
acredito que ainda é cedo para falar em resultados negativos no final de ano", afirma Emílio Alfieri.
Ainda que na esteira de algumas
avaliações mais pessimistas, uma
série de dados divulgados ontem
mostram que o comércio conseguiu registrar um bom desempenho de janeiro a junho É certo
afirmar que isso ocorreu, em parte, pelos resultados do setor automobilístico, que puxaram as taxas
de expansão do semestre. Mas é
fato que, entre os dez segmentos
da área varejista, oito tiveram expansão no primeiro semestre (veja tabela abaixo).
No primeiro semestre, o setor
teve alta de 7,5% no faturamento
real em relação a 2005 na região
metropolitana. Automóveis, vestuário e eletrodomésticos tiveram
os melhores desempenhos. Supermercados amargaram perda
de 7% na receita no período.
Os economistas fazem ressalvas
em relação aos números do semestre. "Dessa alta de 7,5%, se você tirar a venda de carros e de autopeças, a taxa cai para 3,5%", diz
Borges, da Fecomercio.
Segundo ele, há uma boa expectativa de que os reajustes salariais
de várias categorias no segundo
semestre, somada à restituição do
Imposto de Renda, elevem o volume de recursos na praça e dêem
fôlego para uma melhora no desempenho do setor nos próximos
meses.
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