São Paulo, terça-feira, 02 de agosto de 2005

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MERCOSUL

Meta é dificultar importação

RS e Uruguai tentam elevar tarifa do arroz

LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

Os produtores de arroz dos países do Mercosul arranjaram uma maneira de resolver suas divergências passando por cima dos atritos internos: com a chancela do governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto (PMDB), e do presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez, os arrozeiros pretendem aumentar a TEC (Tarifa Externa Comum) do produto no bloco dos atuais 12% para 35%.
A medida foi debatida ontem entre Rigotto e Vázquez, em Montevidéu. Apesar de o tema ter de ser discutido entre os governos de Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, Rigotto participa da discussão com a autoridade que lhe dá o fato de o Rio Grande do Sul produzir cerca de 50% do arroz nacional.
A TEC de 35% é a máxima possível no Mercosul. O objetivo é dificultar a entrada do arroz de outros países, como Estados Unidos (que exportam para o Nordeste brasileiro) e Tailândia (que tem mercado no Rio e em São Paulo).
"Com essa proteção, passaremos até a ter estratégias comuns de exportação no Mercosul para África, Oriente Médio e Europa. Seria um avanço", diz Amilton Soares, da Federarroz (Federação das Associações de Arrozeiros).

Uruguai recorre à OMC
A questão da TEC é especialmente sensível para o Uruguai. O país decidiu, na semana passada, entrar com processo na OMC (Organização Mundial do Comércio) contra os subsídios concedidos pelos EUA ao setor.
Os EUA são o quarto maior exportador mundial de arroz, atrás de Tailândia, Vietnã e Índia, e gastaram US$ 1,5 bilhão em subvenções ao setor em 2003.
Nas relações internas do Mercosul, os produtores brasileiros têm realizado bloqueios de estradas para protestar contra a entrada do arroz uruguaio e argentino.
Os problemas se agravaram no ano passado, quando o Brasil atingiu a auto-suficiência na produção, ao ultrapassar 12,5 milhões de toneladas.
Mesmo produzindo mais do que consome, o Brasil continuou importando de Argentina, Uruguai, Estados Unidos e Tailândia.
O arroz uruguaio e argentino chega ao Brasil custando entre R$ 20 e R$ 22 a saca de 50 quilos. Os custos no Rio Grande do Sul superam R$ 30 a saca. Uruguaios e argentinos usam agroquímicos genéricos e têm subsídios.

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