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APICULTURA
Brasil perdeu US$ 18,1 mi no primeiro semestre em relação a 2004
Exportação de mel cai 41% até junho
THIAGO REIS
DA AGÊNCIA FOLHA
As exportações brasileiras de
mel caíram 40,9% nos seis primeiros meses de 2005 em relação ao
mesmo período do ano passado.
A queda no lucro é ainda maior:
65,7%, que representam US$ 18,1
milhões (R$ 43,1 milhões) a menos do que o faturado em 2004.
No início do ano, a estimativa
da CBA (Confederação Brasileira
de Apicultura) era que a produção de mel chegaria à inédita marca de 50 mil toneladas neste ano e
que o país bateria o recorde na exportação do produto.
A previsão não se cumpriu.
Neste ano, foram exportadas apenas 7.000 toneladas, à média de
US$ 1,30 o quilo. Em 2004, o quilo
do produto foi vendido no primeiro semestre a US$ 2,20.
Além de o preço ter sido maior,
em 2004 exportou-se mais. Foram
12 mil toneladas, equivalentes a
US$ 27,5 milhões (R$ 65,5 milhões), segundo o Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Só o total vendido pelo país ao exterior em 2004
foi superior à soma de todo o mel
exportado de 1989 a 2002.
Segundo o presidente da CBA,
Joail Humberto Rocha de Abreu,
o barateamento do mel chinês, de
volta ao mercado internacional,
tornou o produto brasileiro pouco competitivo em 2005. "A indústria não está preocupada com
a qualidade."
A Alemanha, que até o ano passado era o principal país comprador (responsável por mais de 50%
do total comercializado), só levou
2.600 toneladas neste ano. Em seis
meses, isso significou US$ 14,5
milhões (R$ 34,5 milhões) a menos para o Brasil.
Já os EUA, que no primeiro semestre de 2004 importaram 700
toneladas do produto, neste ano
compraram 1.300 toneladas.
Segundo Rocha de Abreu, não
há motivo para comemorar. "O
que foi vendido já havia sido encomendado no ano passado.
Agora, que é época de pedidos,
não veio nada."
Ele estima que a produção se estabilize nas mesmas 40 mil toneladas do ano passado, mas não serão exportadas mais de 10 mil
-em 2004, foram 22 mil.
A intenção dos apicultores agora é ampliar o mercado interno.
"A preocupação é com o consumo do produto aqui. Já há campanhas para substituir o açúcar, por
exemplo, pelo mel. O problema é
que o poder aquisitivo do brasileiro ainda não permite isso", diz.
No ano passado, 80% do que ficou no país teve como destino a
indústria e 20%, o chamado
"mercado de mesa". O objetivo é
mudar esse panorama. "É preciso
vontade política. Adicionar o mel
à merenda escolar."
Segundo a Embrapa (Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária), o consumo do alimento
no país ainda é baixo (cerca de
300 gramas por habitante a cada
ano; nos EUA e Europa, 1 quilo).
A CBA estima que 500 mil pessoas estejam envolvidas com a atividade, já que não há no Brasil dados oficiais atualizados sobre a
produção, o número de colméias
e os trabalhadores no setor. Com
essa retração nas exportações,
Rocha de Abreu afirma que haverá redução dos apicultores, para
equilibrar o mercado.
Ainda assim, ele acredita que a
apicultura é o agronegócio mais
rentável no país, já que uma região "compensa" a outra em épocas diferentes do ano. "Para produzir 1 quilo de mel, gasta-se R$
1,20 e vende-se por R$ 3. No varejo, o preço chega a R$ 12 [o quilo],
com lucro de 900%", afirma.
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