São Paulo, terça-feira, 02 de agosto de 2005

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APICULTURA

Brasil perdeu US$ 18,1 mi no primeiro semestre em relação a 2004

Exportação de mel cai 41% até junho

THIAGO REIS
DA AGÊNCIA FOLHA

As exportações brasileiras de mel caíram 40,9% nos seis primeiros meses de 2005 em relação ao mesmo período do ano passado. A queda no lucro é ainda maior: 65,7%, que representam US$ 18,1 milhões (R$ 43,1 milhões) a menos do que o faturado em 2004.
No início do ano, a estimativa da CBA (Confederação Brasileira de Apicultura) era que a produção de mel chegaria à inédita marca de 50 mil toneladas neste ano e que o país bateria o recorde na exportação do produto.
A previsão não se cumpriu. Neste ano, foram exportadas apenas 7.000 toneladas, à média de US$ 1,30 o quilo. Em 2004, o quilo do produto foi vendido no primeiro semestre a US$ 2,20.
Além de o preço ter sido maior, em 2004 exportou-se mais. Foram 12 mil toneladas, equivalentes a US$ 27,5 milhões (R$ 65,5 milhões), segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Só o total vendido pelo país ao exterior em 2004 foi superior à soma de todo o mel exportado de 1989 a 2002.
Segundo o presidente da CBA, Joail Humberto Rocha de Abreu, o barateamento do mel chinês, de volta ao mercado internacional, tornou o produto brasileiro pouco competitivo em 2005. "A indústria não está preocupada com a qualidade."
A Alemanha, que até o ano passado era o principal país comprador (responsável por mais de 50% do total comercializado), só levou 2.600 toneladas neste ano. Em seis meses, isso significou US$ 14,5 milhões (R$ 34,5 milhões) a menos para o Brasil.
Já os EUA, que no primeiro semestre de 2004 importaram 700 toneladas do produto, neste ano compraram 1.300 toneladas.
Segundo Rocha de Abreu, não há motivo para comemorar. "O que foi vendido já havia sido encomendado no ano passado. Agora, que é época de pedidos, não veio nada."
Ele estima que a produção se estabilize nas mesmas 40 mil toneladas do ano passado, mas não serão exportadas mais de 10 mil -em 2004, foram 22 mil.
A intenção dos apicultores agora é ampliar o mercado interno. "A preocupação é com o consumo do produto aqui. Já há campanhas para substituir o açúcar, por exemplo, pelo mel. O problema é que o poder aquisitivo do brasileiro ainda não permite isso", diz.
No ano passado, 80% do que ficou no país teve como destino a indústria e 20%, o chamado "mercado de mesa". O objetivo é mudar esse panorama. "É preciso vontade política. Adicionar o mel à merenda escolar."
Segundo a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), o consumo do alimento no país ainda é baixo (cerca de 300 gramas por habitante a cada ano; nos EUA e Europa, 1 quilo).
A CBA estima que 500 mil pessoas estejam envolvidas com a atividade, já que não há no Brasil dados oficiais atualizados sobre a produção, o número de colméias e os trabalhadores no setor. Com essa retração nas exportações, Rocha de Abreu afirma que haverá redução dos apicultores, para equilibrar o mercado.
Ainda assim, ele acredita que a apicultura é o agronegócio mais rentável no país, já que uma região "compensa" a outra em épocas diferentes do ano. "Para produzir 1 quilo de mel, gasta-se R$ 1,20 e vende-se por R$ 3. No varejo, o preço chega a R$ 12 [o quilo], com lucro de 900%", afirma.

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