São Paulo, sábado, 02 de agosto de 2008

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Bolsa encerra semana em baixa; dólar cai a R$ 1,559

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Após a pesada queda de 8,48% registrada em julho, a Bolsa de Valores de São Paulo começou o mês em terreno negativo, com perdas de 3,15%. Já no mercado de câmbio, o dólar desceu a R$ 1,559, mais baixa cotação desde a liberação do câmbio promovida pelo governo no dia 15 de janeiro de 1999.
Os mercados acionários nos principais centros financeiros tiveram um dia ruim. Mas nenhuma Bolsa, dentre as mais relevantes, perdeu tanto quanto a brasileira. Nos EUA, houve baixas de 0,45% no índice Dow Jones e de 0,63% na Nasdaq. A Bolsa de Londres recuou 1,06%. O índice Nikkei, o principal de Tóquio, perdeu 2,11%.
O que mais afetou a Bovespa foi a queda das ações de siderúrgicas, em especial o mau desempenho dos papéis da Vale. A companhia viu seus papéis encerrarem o pregão com perdas de 6,23% (ordinárias) e 5,87% (preferenciais "A").
O enfraquecimento das commodities metálicas e a saída de capital externo da Bolsa têm prejudicado as siderúrgicas. Os temores de que a China enfrente uma desaceleração mais forte em sua economia é um fator que tem afetado negativamente as commodities.
No pregão de ontem, as ações ordinárias da Usiminas recuaram 4,71%; as PN da Gerdau perderam 3,79%; e os papéis ON da CSN caíram 3,26%.
No caso de Petrobras, as quedas ontem foram de 3,87% (PN) e 3,77% (ON).
As ações dos grandes bancos privados, que apresentarão na próxima semana seus resultados do segundo trimestre, estiveram entre as baixas de ontem. A ação preferencial do Bradesco, que divulga seu balanço depois de amanhã, recuou 2,47%. Em seguida apareceram Itaú PN, que caiu 1,88%, e Unibanco UNT, com depreciação de 1,29%.
Analistas apontam que a volatilidade que tem afetado a Bovespa tem seu epicentro no clima internacional e na fuga dos investidores estrangeiros.
Até o dia 29, a saída de capital externo da Bolsa, de R$ 7,72 bilhões, era a maior para um mês já registrada.
Como muito capital externo tem vindo para o Brasil atrás das elevadas taxas -praticam-se aqui os maiores juros reais do mundo-, o câmbio não tem refletido a saída de capital externo do mercado acionário.
A baixa de 0,26% de ontem fez com que a depreciação do dólar diante do real no ano passasse a ser de 12,27%. Em 2007, ano em que a moeda americana perdeu forte valor, a baixa acumulada foi de 16,85%.
Para José Roberto Carrera, diretor da Fair Corretora, "o dólar tem tudo para testar em breve o R$ 1,50". "Como não vejo o governo tomando nenhuma medida para tentar conter o câmbio, a tendência de baixa segue muito forte", diz.
No pregão de ontem, operadores comentaram que era esperada a entrada de recursos provenientes da negociação de Eike Batista com a Anglo American, que girariam acima de US$ 3 bilhões.

Balanço
Se o pregão de ontem foi bem negativo, a semana trouxe resultados menos desanimadores para o mercado acionário. A Bolsa paulista se apreciou 0,75% no acumulado da semana, com 36 dos 66 papéis do índice Ibovespa em alta.
E ações do setor siderúrgico encerraram a semana com resultado positivo. As ações preferenciais da Gerdau, por exemplo, tiveram ganhos de 9,45% na semana. O papel ON da Usiminas subiu 5,81%, e o ON da CSN teve alta de 5,23% no período.
A próxima semana, na qual ocorrerão as reuniões dos bancos centrais de EUA, Inglaterra e da zona do euro, tende a ser de bastante oscilação no mercado financeiro internacional.


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