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EFEITO DO ARROCHO
Superávit é de US$ 2,674 bilhões; importações, principalmente de bens de capital, caem 10,7% sobre 2002
Balança atinge saldo recorde em agosto
ANDRÉ SOLIANI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A balança comercial brasileira
registrou em agosto o maior superávit mensal da história: US$
2,674 bilhões. O saldo é resultado
de um aumento de 11,38% nas exportações, em comparação com o
mesmo mês do ano passado, e de
uma queda de 10,66% nas importações.
As importações que mais recuaram foram as de bens de capital,
fundamentais para investimentos
produtivos no país. Em agosto, o
país importou US$ 715 milhões
em máquinas e equipamentos,
34,6% a menos que no mesmo
mês de 2002.
No ano, as importações de bens
de capital também foram as que
mais caíram -21,9%. De janeiro
a agosto de 2003, o país comprou
do exterior US$ 6,440 bilhões em
máquinas e equipamentos.
O superávit acumulado nos oito
primeiros meses do ano -US$
15,132 bilhões- também é recorde histórico. O melhor resultado
anterior para o período é de 1988,
quando as exportações superaram as importações em US$
12,591 bilhões.
Greve
O governo diz que nem as paralisações dos fiscais da Receita Federal no mês passado prejudicaram o desempenho comercial.
Uma liminar da Justiça obrigou a
liberação parcial das mercadorias
paradas nos portos. Durante a
greve, a liberação das exportações
e das importações é mais lenta, o
que prejudica o saldo.
Em meados de agosto, o Ciesp
(Centro das Indústrias do Estado
de São Paulo) conseguiu uma liminar que, na prática, acabou
com as paralisações da Receita Federal para seus associados.
Desde o início de julho, a Unafisco (sindicato dos auditores fiscais) decretou greve, mas foi obrigada a regularizar seu serviço devido à liminar.
Para a AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), a recessão é a explicação para o desempenho da balança comercial.
Na opinião do diretor-executivo
da entidade, José Augusto de Castro, até o final do ano a tendência
é a continuidade da redução das
importações de insumos, máquinas e equipamentos pelas empresas brasileiras.
No mês passado, o superávit foi
impulsionado pelo incremento
nas exportações. Em agosto, o
país vendeu US$ 6,403 bilhões
-foram as maiores vendas do
ano. No mesmo período, o país
comprou do exterior US$ 3,729
bilhões, afirma o Ministério do
Desenvolvimento.
Recuperação
Segundo o secretário de Comércio Exterior, Ivan Ramalho, as importações devem crescer com a
recuperação da economia, prevista por muitos analistas para acontecer ainda neste trimestre.
Desde janeiro, o país importou
US$ 30,378 bilhões, 4,05% a menos que no mesmo período de
2002. A alta das exportações, de
22,91%, é, no entanto, a principal
explicação para o saldo recorde
de US$ 15,132 bilhões.
Nos primeiros oitos meses do
ano, o país vendeu para o exterior
US$ 45,510 bilhões. A meta é chegar a US$ 68 bilhões até o final do
ano.
O país também registrou o melhor saldo comercial da história
para um período de 12 meses (julho de 2002 a agosto de 2003). O
saldo foi de US$ 22,911 bilhões, resultado de exportações de US$
68,846 bilhões e importações de
US$ 45,935 bilhões.
O Banco Central prevê um superávit de US$ 17,5 bilhões ao final de 2003.
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