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TRIBUTOS
Plano de tentar limitar a dedução com gastos médicos no IR é adiado
Governo deve abrir mão de arrecadar R$ 24 bi em 2004
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo federal abrirá mão de
arrecadar no ano que vem R$ 24,2
bilhões, mais de três vezes o total
de investimentos públicos previstos na proposta de Orçamento (de
R$ 7,8 bilhões) ou 8,8% da soma
de tributos cobrados no país.
O demonstrativo de benefícios
tributários, que acompanha o
projeto de lei orçamentária, não
contempla a concessão de novos
incentivos fiscais pela política industrial em estudo pelo governo
com estímulos dirigidos a setores
da economia, como a microeletrônica, a produção de softwares e
medicamentos genéricos, além de
máquinas e equipamentos.
O documento a que a Folha teve
acesso indica que o governo adiou
os planos de reduzir as deduções
com despesas médicas e com instrução no Imposto de Renda, que
beneficiam sobretudo a classe
média. Esse incentivo, ao contrário, aumenta em 2004. No caso
das despesas médicas, sem limite
de dedução, há um crescimento
previsto de 36% em relação ao
ano passado. Em grande parte, o
percentual se deve ao aumento
dos gastos declarados pelos contribuintes em 2002 e refletem um
aumento da procura por serviços
privados de saúde.
Embora nenhum novo incentivo esteja previsto para 2004, há
variação no volume de incentivos
previstos para os vários setores da
economia. As microempresas e
empresas de pequeno porte são as
que mais ganham: o valor da renúncia fiscal mais do que dobra,
devido a um ajuste na base de cálculo, informou a Receita Federal.
Há uma redução nos incentivos
dirigidos a fundos de investimentos do Norte e Nordeste, a serem
compensados com dinheiro da
União. São registradas quedas
nos investimentos incentivados
em informática (de R$ 1,5 bilhão
para R$ 823 milhões) e nos incentivos à cultura (de R$ 357 milhões
para R$ 268 milhões).
O anexo do Orçamento que trata dos benefícios tributários deixa
uma margem pequena para a
concessão de novos incentivos
fiscais. Como eles representam
perda de arrecadação, o governo
teria de elevar impostos ou cortar
gastos para dar novos benefícios.
Segundo o assessor de política
econômica do Ministério do Planejamento, José Carlos Miranda,
setores de tecnologia de ponta terão financiamentos do BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), e a
produção de medicamentos genéricos pode se favorecer da garantia de compras do governo.
Já para a redução de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para máquinas e equipamentos, o governo poderá usar a
chamada "reserva de contingência", destinada a gastos emergenciais. Os incentivos com o IPI
caem 22,6% no Orçamento, de R$
5,3 bilhões para R$ 4,1 bilhões.
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