São Paulo, quinta-feira, 02 de setembro de 2004

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RETOMADA

Arrecadação de impostos em SP, por sua vez, tem alta no mês de agosto

Efeito sazonal afeta vendas do comércio e de veículos

MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar do ritmo acelerado da recuperação econômica, a sazonalidade pesou e as vendas de veículos e do comércio da capital paulista em agosto registraram queda na comparação com julho. A arrecadação de impostos do Estado de São Paulo, por outro lado, subiu a despeito do fator sazonal.
Explica-se: tradicionalmente, julho, mês de férias, é mais aquecido do que agosto. As retrações na comparação entre os dois meses divulgadas ontem para veículos e comércio paulistano, segundo especialistas, são em grande parte um reflexo desse fenômeno.
Além disso, para alguns analistas, a alta dos juros ao consumidor -conseqüência da ata do Copom sinalizando que a taxa básica da economia pode ser elevada- pode ter tido algum efeito negativo sobre as vendas.
Em agosto, foram licenciados 130,2 mil veículos (incluindo caminhões e ônibus), uma queda de 2,7% em relação a julho, segundo dados da Fenabrave (federação dos distribuidores de autoveículos). Foi a primeira retração após três meses de altas consecutivas. Se a comparação é com o mesmo mês de 2003, os números continuam mostrando alta, de 29,17%.
"Se os números de licenciamentos forem dessazonalizados [ou seja, excluídas as variações sazonais], encontramos um crescimento de 1% em agosto ante julho", afirma o economista Bráulio Borges, da LCA Consultores.
Segundo as contas do analista, os números dessazonalizados mostram crescimento de 5% em junho em relação a maio e de 0,5% em julho em relação a junho. "Ou seja, não dá para dizer a partir desses dados que há uma desaceleração", disse.
No acumulado do ano, foram 987,5 mil veículos licenciados, 13,78% a mais do que o período de janeiro a agosto de 2003.
Os indicadores mostram que as vendas do comércio da capital paulista também pioraram em agosto: as consultas ao SCPC, que mede as vendas a prazo, tiveram queda de 1,8% em relação a julho. Em relação a agosto de 2003, houve alta de 12,1%, segundo a Associação Comercial de São Paulo.
No caso do indicador das vendas à vista, o Usecheque, a queda foi de 1,6%. Na comparação com mesmo mês de 2003, a quantidade de consultas foi praticamente a mesma. De acordo com o economista da associação, Emílio Alfieri, isso pode ser explicado pela "diminuição no frio". "Além disso, outra explicação é o fim dos estoques. Não havia mais nada nas prateleiras para liquidar."
Ele endossa a explicação de Borges, da LCA, para as quedas em relação a julho. "Uma hipótese é que a comparação é com julho, mês de férias, quando muita gente pode "puxar" a primeira parcela do 13º para gastar", analisa.
Esse efeito sazonal, porém, não atingiu a arrecadação de São Paulo, indicador econômico considerado importante por analistas. A receita tributária do Estado, segundo divulgou a Secretaria da Fazenda, subiu 2,7% em relação a julho e 9,3% na comparação com agosto de 2003, já descontados os efeitos da inflação.
Apenas o ICMS, que representa 92,2% da arrecadação, cresceu 2,5% em relação ao mês anterior. Nota técnica divulgada pela Secretaria da Fazenda afirma que esses números sinalizam para uma "continuidade da expansão da atividade econômica".
Nos primeiros 20 dias de agosto, 439 mil pessoas regularizaram suas dívidas, segundo o SPC (Serviço de Proteção ao Crédito).
Apesar da percepção ser que a retomada continua, analistas lembram que o PIB não deve crescer nos próximos trimestres no mesmo ritmo do semestre anterior. "A expansão foi muito forte, as taxas de crescimento devem ser mais baixas", diz Juan Jensen, da consultoria Tendências.


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