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RETOMADA
Arrecadação de impostos em SP, por sua vez, tem alta no mês de agosto
Efeito sazonal afeta vendas
do comércio e de veículos
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Apesar do ritmo acelerado da
recuperação econômica, a sazonalidade pesou e as vendas de veículos e do comércio da capital
paulista em agosto registraram
queda na comparação com julho.
A arrecadação de impostos do Estado de São Paulo, por outro lado,
subiu a despeito do fator sazonal.
Explica-se: tradicionalmente,
julho, mês de férias, é mais aquecido do que agosto. As retrações
na comparação entre os dois meses divulgadas ontem para veículos e comércio paulistano, segundo especialistas, são em grande
parte um reflexo desse fenômeno.
Além disso, para alguns analistas, a alta dos juros ao consumidor -conseqüência da ata do Copom sinalizando que a taxa básica
da economia pode ser elevada-
pode ter tido algum efeito negativo sobre as vendas.
Em agosto, foram licenciados
130,2 mil veículos (incluindo caminhões e ônibus), uma queda de
2,7% em relação a julho, segundo
dados da Fenabrave (federação
dos distribuidores de autoveículos). Foi a primeira retração após
três meses de altas consecutivas.
Se a comparação é com o mesmo
mês de 2003, os números continuam mostrando alta, de 29,17%.
"Se os números de licenciamentos forem dessazonalizados [ou
seja, excluídas as variações sazonais], encontramos um crescimento de 1% em agosto ante julho", afirma o economista Bráulio
Borges, da LCA Consultores.
Segundo as contas do analista,
os números dessazonalizados
mostram crescimento de 5% em
junho em relação a maio e de
0,5% em julho em relação a junho. "Ou seja, não dá para dizer a
partir desses dados que há uma
desaceleração", disse.
No acumulado do ano, foram
987,5 mil veículos licenciados,
13,78% a mais do que o período
de janeiro a agosto de 2003.
Os indicadores mostram que as
vendas do comércio da capital
paulista também pioraram em
agosto: as consultas ao SCPC, que
mede as vendas a prazo, tiveram
queda de 1,8% em relação a julho.
Em relação a agosto de 2003, houve alta de 12,1%, segundo a Associação Comercial de São Paulo.
No caso do indicador das vendas à vista, o Usecheque, a queda
foi de 1,6%. Na comparação com
mesmo mês de 2003, a quantidade de consultas foi praticamente a
mesma. De acordo com o economista da associação, Emílio Alfieri, isso pode ser explicado pela
"diminuição no frio". "Além disso, outra explicação é o fim dos
estoques. Não havia mais nada
nas prateleiras para liquidar."
Ele endossa a explicação de Borges, da LCA, para as quedas em
relação a julho. "Uma hipótese é
que a comparação é com julho,
mês de férias, quando muita gente
pode "puxar" a primeira parcela
do 13º para gastar", analisa.
Esse efeito sazonal, porém, não
atingiu a arrecadação de São Paulo, indicador econômico considerado importante por analistas. A
receita tributária do Estado, segundo divulgou a Secretaria da
Fazenda, subiu 2,7% em relação a
julho e 9,3% na comparação com
agosto de 2003, já descontados os
efeitos da inflação.
Apenas o ICMS, que representa
92,2% da arrecadação, cresceu
2,5% em relação ao mês anterior.
Nota técnica divulgada pela Secretaria da Fazenda afirma que esses números sinalizam para uma
"continuidade da expansão da
atividade econômica".
Nos primeiros 20 dias de agosto,
439 mil pessoas regularizaram
suas dívidas, segundo o SPC (Serviço de Proteção ao Crédito).
Apesar da percepção ser que a
retomada continua, analistas
lembram que o PIB não deve crescer nos próximos trimestres no
mesmo ritmo do semestre anterior. "A expansão foi muito forte,
as taxas de crescimento devem ser
mais baixas", diz Juan Jensen, da
consultoria Tendências.
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