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BASTIDORES
Lula quer usar MP para apressar Congresso a votar
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar das ameaças públicas
de editar uma medida provisória no lugar do projeto de lei
das PPPs (Parcerias Público-Privadas), o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva disse a interlocutores que não pretende
adotar esse caminho.
Por que, então, auxiliares
graduados do presidente, como o ministro José Dirceu (Casa Civil) fazem essas ameaças?
Resposta: é uma forma de pressionar a oposição no Congresso a negociar e de mostrar à
opinião pública e aos empresários interesse no assunto.
Lula sabe que implantar as
PPPs via MP traria insegurança
jurídica a investidores e só acirraria os ânimos com a oposição. A insegurança jurídica se
deve ao fato de que uma MP
precisa ser aprovada pelo mesmo quórum de um projeto de
lei. Ora, se já está difícil aprovar
um projeto, aprovar uma MP
num clima de guerra ficaria
ainda mais difícil.
Nesse contexto, dificilmente
investidores aceitariam levar a
sério alguma parceria antes da
aprovação final da MP.
O projeto das PPPs é a obsessão de Lula no momento, disseram à Folha interlocutores
recentes do presidente. Lula crê
que o projeto seja vital para a
sustentabilidade da atual retomada do crescimento. Na sua
visão, as PPPs diminuiriam os
chamados "gargalos" da infra-estrutura que interrompem ciclos de crescimento.
É fato que Lula está contrariado com o Senado, Casa na
qual o projeto tramita e onde a
resistência da oposição é muito
maior do que na Câmara. No
entanto, isso não significa que
ele tenha autorizado Dirceu a
atacar duramente os tucanos,
como o ministro fez ontem.
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