São Paulo, quinta-feira, 02 de setembro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

INFRA-ESTRUTURA

Setores com ociosidade terão linha do BNDES para elevar produção e evitar que falta de produtos pressione preços

Capital de giro ganha injeção de R$ 2,5 bi

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Para estimular a oferta de produtos em alguns setores e evitar que o aumento da demanda pressione a inflação, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) decidiu criar uma linha de crédito emergencial, de R$ 2,5 bilhões, para injetar dinheiro em indústrias que operam abaixo do seu limite máximo de produção devido à falta de capital de giro. Essa é a única linha desse tipo do banco -as outras são para investimentos.
Para conseguir o dinheiro, as empresas interessadas terão de cumprir metas de criação de emprego e de aumento de produção. Se as metas forem cumpridas, elas terão descontos nas taxas de juros cobradas pelo BNDES.
"Esse momento é muito particular. É preciso aumentar a oferta", disse o ministro Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento). A linha só estará disponível entre setembro e dezembro deste ano. "É uma linha emergencial", disse o ministro, ao anunciar a medida, após reunião do conselho do banco, em Brasília.
O dinheiro não será emprestado para qualquer indústria, apenas para as que fazem parte de setores que estão com capacidade ociosa. O secretário-executivo do Desenvolvimento, Marcio Fortes, afirmou, por exemplo, que a indústria siderúrgica e de papel e celulose não terão acesso a esse crédito, pois já estão próximas dos seus limites de produção. Furlan citou as indústrias de confecções, de medicamentos e de bebidas como setores que poderão se beneficiar.
O empréstimo será dado por um período de 24 meses, com carência de 12 meses. Os juros vão variar de 3,5% a 11% ao ano mais a TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo). "A oferta desse crédito é muito competitiva em relação às alternativas de mercado", disse Furlan. "As linhas de capital de giro costumam ser caras", completou o ministro.
A grande empresa que cumprir a totalidade da sua meta de emprego terá um desconto de 5,5 pontos percentuais na taxa de juros. A taxa inicial para essas indústrias será de 11% mais TJLP. No caso das pequenas, o desconto será de 2 pontos percentuais.
Os industriais há tempo pedem ao governo para o BNDES lançar uma linha de capital de giro. Os programas do banco, até agora, eram voltados apenas para investimentos. Furlan afirmou que o conselho do banco concordou em criar esse crédito, pois muitas empresas não estão operando em plena capacidade por falta de dinheiro para comprar insumos e contratar mão-de-obra. O ministro disse que ainda não é possível estimar qual será o impacto dessa linha na geração de emprego.
Além dos setores que serão selecionados, as micro, pequenas e médias empresas que participam de APLs (Arranjos Produtivos Locais) e indústrias cujos donos são os próprios trabalhadores poderão pegar esse dinheiro. O limite nesses casos ficará entre R$ 100 mil e R$ 500 mil por empresa.


Texto Anterior: Bate-boca marca sessão do caso Nestlé-Garoto
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.