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INFRA-ESTRUTURA
Crítica de ministro expõe divergência com Lessa, presidente do banco
BNDES demora para aprovar
financiamentos, diz Furlan
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Mesmo quando se esforçam para mostrar que não existe nenhuma divergência entre eles, as declarações do ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, e as do presidente do BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Carlos Lessa, confirmam que os dois
têm visões geralmente diferentes
sobre o mesmo tema.
Ontem pela manhã, Furlan criticou a lentidão do BNDES em
aprovar projetos e deu razão aos
empresários que se queixam.
"Às vezes o setor privado tem
razão quando afirma que é preciso uma resposta mais concreta do
governo", disse o ministro, sobre
a dificuldade de acesso ao crédito
e as taxas de juros cobradas nos
empréstimos.
"Seis meses ou um ano para
análise de projeto e aprovação é
um pouco exagerado", afirmou
Furlan, referindo-se ao tempo
que o BNDES leva, em alguns casos, para liberar os financiamentos às empresas.
Algumas horas depois, ao chegar ao Ministério do Desenvolvimento para reunião do conselho
de administração do banco, Lessa
colocou a maior parte da culpa,
pela demora em aprovar os projetos, nas empresas. "Se as empresas tivessem todas as informações
que precisamos, o prazo podia ser
menor. Mas, geralmente, as empresas não têm", afirmou o presidente do BNDES.
À tarde, após a reunião do conselho, Furlan afirmou que não havia nenhuma divergência em relação a esse assunto e disse que o
conselho do banco havia concordado que era preciso tomar medidas para agilizar a aprovação de
projetos. "É difícil", havia dito
Lessa, pela manhã, sobre a possibilidade de encurtar os prazos.
Ontem, pela primeira vez, a reunião do conselho do BNDES
aconteceu em Brasília. Normalmente, é no Rio de Janeiro. As explicações, mais uma vez, para a
mudança de endereço da reunião,
foram desencontradas.
Questionado se a mudança teria
alguma relação com divergências
com Lessa, Furlan disse que não.
Afirmou que o problema era de
vazamento de informações nas
reuniões que aconteceram no Rio
de Janeiro, mas não deu detalhes.
Para Lessa, um motivo mais
prosaico: "Ele [Furlan] viaja amanhã para a África do Sul. Ele pediu
que a reunião fosse aqui. Não custa nada fazer uma em Brasília".
No ano passado, foi a falta de
circulação de informação que irritou Furlan, que ficou sabendo da
decisão do BNDES de adquirir
ações da Vale do Rio Doce por
meio da imprensa.
Na ocasião, ele afirmou que
aquela decisão deveria ter sido
aprovada pelo conselho, presidido por Furlan.
Lessa, na ocasião, afirmou que
respondia diretamente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A
declaração foi mais um motivo de
atrito, já que o BNDES é subordinado ao Ministério do Desenvolvimento.
A indicação de Lessa para a presidência do BNDES não foi de
Furlan, mas do próprio Lula. Lessa conta com um apoio importante dentro do governo: Aloizio
Mercadante (PT-SP), líder do governo no Senado.
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