São Paulo, quinta-feira, 02 de setembro de 2004

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INFRA-ESTRUTURA

Crítica de ministro expõe divergência com Lessa, presidente do banco

BNDES demora para aprovar financiamentos, diz Furlan

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Mesmo quando se esforçam para mostrar que não existe nenhuma divergência entre eles, as declarações do ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, e as do presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Carlos Lessa, confirmam que os dois têm visões geralmente diferentes sobre o mesmo tema.
Ontem pela manhã, Furlan criticou a lentidão do BNDES em aprovar projetos e deu razão aos empresários que se queixam.
"Às vezes o setor privado tem razão quando afirma que é preciso uma resposta mais concreta do governo", disse o ministro, sobre a dificuldade de acesso ao crédito e as taxas de juros cobradas nos empréstimos.
"Seis meses ou um ano para análise de projeto e aprovação é um pouco exagerado", afirmou Furlan, referindo-se ao tempo que o BNDES leva, em alguns casos, para liberar os financiamentos às empresas.
Algumas horas depois, ao chegar ao Ministério do Desenvolvimento para reunião do conselho de administração do banco, Lessa colocou a maior parte da culpa, pela demora em aprovar os projetos, nas empresas. "Se as empresas tivessem todas as informações que precisamos, o prazo podia ser menor. Mas, geralmente, as empresas não têm", afirmou o presidente do BNDES.
À tarde, após a reunião do conselho, Furlan afirmou que não havia nenhuma divergência em relação a esse assunto e disse que o conselho do banco havia concordado que era preciso tomar medidas para agilizar a aprovação de projetos. "É difícil", havia dito Lessa, pela manhã, sobre a possibilidade de encurtar os prazos.
Ontem, pela primeira vez, a reunião do conselho do BNDES aconteceu em Brasília. Normalmente, é no Rio de Janeiro. As explicações, mais uma vez, para a mudança de endereço da reunião, foram desencontradas.
Questionado se a mudança teria alguma relação com divergências com Lessa, Furlan disse que não. Afirmou que o problema era de vazamento de informações nas reuniões que aconteceram no Rio de Janeiro, mas não deu detalhes.
Para Lessa, um motivo mais prosaico: "Ele [Furlan] viaja amanhã para a África do Sul. Ele pediu que a reunião fosse aqui. Não custa nada fazer uma em Brasília".
No ano passado, foi a falta de circulação de informação que irritou Furlan, que ficou sabendo da decisão do BNDES de adquirir ações da Vale do Rio Doce por meio da imprensa.
Na ocasião, ele afirmou que aquela decisão deveria ter sido aprovada pelo conselho, presidido por Furlan.
Lessa, na ocasião, afirmou que respondia diretamente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A declaração foi mais um motivo de atrito, já que o BNDES é subordinado ao Ministério do Desenvolvimento.
A indicação de Lessa para a presidência do BNDES não foi de Furlan, mas do próprio Lula. Lessa conta com um apoio importante dentro do governo: Aloizio Mercadante (PT-SP), líder do governo no Senado.


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