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VAREJO
Carrefour e Pão de Açúcar contratam estrelas da propaganda, "compram" o horário nobre da TV mas repetem velhas disputas
Redes tentam inovar, mas foco segue no preço
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O Carrefour e o grupo Pão de
Açúcar estarão na mídia nas próximas semanas com caras propagandas que tentam mostrar o "diferencial" de cada uma das redes.
Mas o diferencial é a "mesmice".
O Carrefour diz que se reposicionou e saiu do "feijão com arroz" -trouxe Ana Maria Braga
como garota-propaganda numa
campanha do publicitário Marcello Serpa. No Pão de Açúcar, o
marqueteiro Nizan Guanaes escreveu o novo jingle da loja e quer
vender a rede (com fama de "careira") como opção econômica.
Ambos mudaram a embalagem,
mas não o já batido foco: o preço.
Pesquisas qualitativas com consumidores realizadas neste ano
pelas lojas, para traçar essas estratégias de mídia, mostram que os
compradores estão confusos com
a avalanche de campanhas promocionais que se repetem. E com
a forma como são idênticas entre
as redes. O problema é que as lojas
não podem fugir dessa linguagem. O brasileiro ainda está à caça
de promoções. O desafio então está em mudar, mas não muito.
O Carrefour, que afirma estar
conduzindo uma campanha institucional pela primeira vez desde
2001, não deixou de apresentar as
promoções da semana no novo
filme publicitário. Normalmente,
campanhas institucionais de empresas não falam em preço.
"Mudamos a linguagem, sem
com isso perder a chance de falar
em preço baixo", diz Rodrigo Lacerda, diretor de marketing do
Carrefour. O que muda, então?
"Há diferenciais, sim. Ele está no
conjunto, está em falar em preço,
em marca, em serviços."
É o mesmo raciocínio do concorrente. A agência Africa entrou
neste ano no comando da conta
do supermercado Pão de Açúcar
-o grupo gasta em mídia R$ 220
milhões ao ano. Quer passar a
idéia de que é possível comprar
barato na loja. Com o jingle
"Comprão no Pão", colocou bichinhos coloridos em uma nova
campanha no horário nobre. Mas
os produtos, e suas promoções,
têm o seu espaço no filme.
E assim será neste final de semana, quando a nova campanha
com os bichinhos será veiculada
de novo. "Tentamos fazer uma
coisa mais lúdica, aproveitando a
chegada do Dia das Crianças, em
outubro", diz Sergio Gordilho,
um dos diretores de criação da
Africa. "Não é mais só a história
da batatinha ou da cerveja a R$
1,50. Mas isso não quer dizer que
seja possível abolir as promoções
dos filmes de publicidade", diz.
Saia justa
O que as redes tentam explicar é
que existe uma disposição de
"modernizar" ou "aprimorar" a
cara do varejo na mídia. As últimas campanhas - a do Carrefour está na TV desde o dia 29 e a
do Pão de Açúcar começou nesta
semana- tentam seguir esse caminho com certas inovações.
Trazer atores globais para o seu
novo filme publicitário -e fazê-los interagir com consumidores
na loja- foi a saída do Carrefour,
por exemplo. Mas a "mesmice"
(leia-se falar, e muito, em preço)
não pode ser abolida, dizem os
analistas de varejo que assistiram
às peças de propaganda.
O Wal-Mart, a maior cadeia de
supermercados do mundo, faz isso. Na prática, faz apenas isso: as
campanhas trazem as promoções
como estratégia de mídia básica.
Paralelamente a essa discussão,
outras campanhas vão ganhar
força nos próximos dias e, novamente, vão falar em preço. Na
compra de um produto anunciado no Extra, com mais R$ 0,01, o
cliente leva outro item. No Carrefour -paralelo à campanha com
os atores da Globo-, haverá promoção semelhante.
É também na "mesmice" dos
preços que está localizada a nova
"saia justa" armada entre as
maiores redes de varejo. Nesta semana, o Pão de Açúcar trouxe
uma campanha de publicidade
em que um protagonista diz que
"aniversário mesmo é no Pão". O
protagonista pede que o consumidor não vá "a outros aniversários". O Carrefour completou 29
anos no país neste mês.
Ana Maria Braga, a garota-propaganda do Carrefour, mandou a
resposta. No filme em que atua,
ela olha para a câmera, mostra
uma pequena lista de supermercados e afirma:
"Isso aqui em comprei na outra
loja e paguei R$ 100. Mas isso aqui
[aponta para o carrinho cheio de
produtos] eu comprei no Carrefour e paguei os mesmos R$ 100".
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