São Paulo, sábado, 02 de setembro de 2006

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Preço leva exportações a bater recorde

Enquanto quantidade de mercadorias vendidas cresceu 3,2% de janeiro a julho, valor médio dos itens subiu 11,5%

Superávit comercial em 2006 já chega a US$ 29,6 bi; importações também cresceram: 18,6% a mais do que no ano passado


CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Embora as exportações tenham registrado recorde em valor nos últimos meses, a quantidade de produtos vendidos está crescendo menos do que poderia neste ano. A avaliação é do secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Armando Meziat. Em agosto, as exportações foram de US$ 13,6 bilhões.
Meziat disse que o desempenho das exportações neste ano já se refletiu no resultado do PIB (Produto Interno Bruto) no segundo trimestre. Ele afirmou, porém, que, em compensação, o elevado preço dos produtos exportados tem mantido os recordes da balança comercial, que voltaram a ocorrer no mês passado.
As exportações em agosto registraram um aumento de 20,2% com relação ao mesmo mês de 2005. As importações totalizaram US$ 9,1 bilhões, 18,6% a mais do que no mesmo período do ano passado. Com isso, o superávit comercial ficou em US$ 4,6 bilhões. Todos os resultados foram recordes para o mês de agosto.
No ano, as exportações somam US$ 88,1 bilhões, com alta de 15,9% na comparação com janeiro a agosto de 2005. No mesmo período, as importações ficaram em US$ 58,5 bilhões (alta de 22,5%), o que representou um superávit de US$ 29,6 bilhões de janeiro agosto.
De acordo com os números divulgados na quinta-feira pelo IBGE, as exportações, em volume, caíram 5,1% no segundo trimestre com relação aos três primeiros meses do ano e recuaram 0,6% na comparação com o segundo trimestre do ano passado. Por isso, entre outros fatores, também tiveram influência sobre o fraco resultado da economia no trimestre, que cresceu 0,5%, menos do que o esperado pela maioria dos analistas.

Preço não gera emprego
"O que gera emprego é quantidade, não preço. A média do quantum [quantidade] está crescendo menos do que a média dos preços, mas, se não estivesse havendo aumento nem de quantidade nem de preços, as exportações estariam em queda", disse Meziat. É por causa da alta dos preços no mercado internacional, principalmente das commodities, forte na pauta das exportações brasileira, que o país continua batendo recordes em vendas.
Segundo Meziat, de janeiro a julho deste ano, a quantidade de mercadorias embarcadas para o exterior -o dado para agosto ainda não está disponível- cresceu 3,2%, enquanto os preços médios desses produtos aumentaram 11,5% no período. Esses números representam uma inversão do que ocorreu entre 2002 e 2005, quando as quantidades exportadas cresceram 58,8%, e os preços, 30%.
"Reconheço que o crescimento do quantum das exportações brasileiras poderia estar melhor, mas não acho que isso seja uma tendência. As quantidades também estão crescendo e sobre uma base já elevada. Além disso, há setores que, apesar da valorização do câmbio, estão batendo recordes", disse.
Vários desses produtos são manufaturados. Como exemplo, o secretário de Comércio Exterior citou os materiais elétricos, cujas vendas em agosto aumentaram 48% no preço e 10% na quantidade. Desde o começo do ano, as vendas desse produto cresceram 21% no preço e 11% na quantidade.
O mesmo ocorre com os celulares, que registraram o segundo melhor desempenho desde que o Brasil começou a exportar o produto. Em agosto, a venda de celulares cresceu 73%, e desde o começo do ano, 20%.


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