São Paulo, sábado, 02 de setembro de 2006

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Analista minimiza peso de queda no volume exportado

Preços elevados compensam recuo na quantidade vendida, dizem especialistas

Para AEB, terceiro trimestre deve mostrar recuperação, em razão de haver mais dias úteis e do fim da greve na Receita Federal


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O impacto na economia produzido pela queda na quantidade de mercadorias exportadas no segundo trimestre é marginal e altamente compensado pelos elevados preços das commodities no mercado internacional, afirmam especialistas consultados pela Folha.
Isso ocorre porque, apesar de o país embarcar menor quantidade de produtos, a remuneração é maior, por causa dos preços, que, em alguns setores, têm compensado até a valorização do real, que reduz a remuneração do exportador.
No segundo trimestre, as exportações caíram 5,1% ante os três primeiros meses do ano, disse o IBGE, ao divulgar o PIB.
"Há dois anos o real se aprecia, mesmo com intervenção do BC, e há dois anos o mercado espera queda nas exportações por causa do câmbio, que, teoricamente, é o principal determinante para as exportações. Mas, ao mesmo tempo, há um cenário de alta nos preços das commodities e aquecimento no comércio mundial, e estamos pegando carona nisso", disse Darwin Dib, economista sênior do Unibanco.
Commodities agrícolas e industriais importantes na pauta de exportação, como soja, açúcar, minério de ferro e petróleo, batem recordes de preço.
O problema é que os produtos manufaturados com mão-de-obra intensiva, ou seja, que mais empregam, estão com as vendas em queda, porque são afetados pela desvalorização do dólar, que faz o preço dos produtos em reais ficar caro -portanto, as exportações caem.
Os calçados são um exemplo. Em agosto, houve queda de 10% na quantidade embarcada, e no ano as vendas recuaram 8,7%. No caso de móveis, a queda foi de 2% em agosto e de 11,9% no ano. O setor de têxteis, outro forte empregador, reduziu a quantidade de produtos vendidos em 14,7% em agosto e em 2,3% no ano.
Mas o bom desempenho de outros setores, principalmente de commodities agrícolas, explica os recordes. Também contribuiu para o resultado do mês passado o fato de agosto ter registrado 23 dias úteis.
Na avaliação do vice-presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), José Augusto de Castro, a queda na quantidade das exportações no segundo trimestre deverá ser compensada no terceiro trimestre.


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