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Lula culpa Volks pela crise e elogia a Fiat
Presidente disse que o problema não é do setor automobilístico, mas da Volkswagen, que tem um projeto "equivocado"
"Lamento que uma empresa como a Volkswagen esteja dispensando trabalhadores porque teve um projeto que não deu certo", disse Lula
Alan Marques/Folha Imagem
![](../images/b0209200601.jpg) |
O presidente Lula durante a apresentação, no Palácio do Planalto, de novos veículos da Fiat |
EDUARDO SCOLESE
PEDRO DIAS LEITE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva culpou a Volkswagen
pela crise que levou à demissão
de ao menos 1.800 trabalhadores, criticou a montadora e elogiou uma de suas principais
concorrentes, a Fiat.
"Porque eu vejo o noticiário,
lamento profundamente que
uma empresa como a Volkswagen esteja dispensando trabalhadores, e ela está dispensando porque teve um projeto que
não deu certo. Em compensação, a Fiat vem aqui e, além de
anunciar dois carros que ela está estudando profundamente
-um que vai entrar no mercado e outro que está em pesquisa-, me dá a alegria de dizer
que está contratando funcionários, numa demonstração de
que o problema não é do setor
automobilístico, é da Volkswagen", disse Lula.
O presidente tinha acabado
de participar de uma cerimônia
de apresentação de dois carros
da Fiat, no Palácio do Planalto.
Um Palio elétrico e um Siena
tetrafuel, que roda com quatro
combustíveis: gasolina pura,
gasolina brasileira (com 20%
de álcool), álcool hidratado e
gás natural (GNV).
A Volks anunciou nesta semana um plano de reestruturação de sua fábrica em São Bernardo do Campo (ABC paulista), onde trabalhavam 12,4 mil
funcionários, e afirma que tem
de fazer as demissões, sob o risco de fechar a fábrica se não levar adiante o projeto. A medida
gerou protestos em outras unidades espalhadas pelo país,
com greves e paralisações.
Além disso, o BNDES suspendeu a liberação de um empréstimo de R$ 491 milhões para a Volks, acertado em maio,
até que a empresa conclua as
negociações com o sindicato.
Oficialmente, o governo informou que essa decisão não tem
relação com as demissões, mas
com os investimentos planejados pela montadora no país.
Projeto equivocado
Lula atribuiu a crise a um
projeto "equivocado" e defendeu que, no geral, a indústria
continua forte. "Então a Volkswagen vai ter de readequar o
seu projeto, ou seja, quando as
pessoas se equivocam com seus
projetos, seus produtos, é normal numa empresa, a empresa
tem de refazer o seu produto, se
o mercado não assimilou determinado produto", disse Lula.
"A indústria automobilística
vai bem, ela está produzindo
muito, está vendendo muito no
mercado interno, está exportando muito. E vamos ver ainda
se conversamos com a Volkswagen. Quem sabe, ter um produto que possa conquistar o
mercado brasileiro e contratar
mais trabalhadores do que ela
demitiu", afirmou.
Em entrevista na quarta-feira, Lula já tinha deixado claro
seu descontentamento com a
demissão dos trabalhadores e
disse que gostaria de ter sido
avisado pela montadora.
As críticas à Volks ganham
ainda mais contundência quando colocadas em contraste com
os elogios à Fiat. "Agora, a minha alegria hoje é por conta da
criatividade da Fiat, que sai na
frente. É o primeiro carro no
mundo tetrafuel. Daqui a pouco eles vão inventar o hexafuel.
É um carro que acho que o
mundo vai se encantar por ele,
porque dá quatro opções de
combustível para o motorista,
sobretudo os motoristas de táxi
vão ficar fanáticos pelo carro."
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