São Paulo, sábado, 02 de setembro de 2006

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Lula culpa Volks pela crise e elogia a Fiat

Presidente disse que o problema não é do setor automobilístico, mas da Volkswagen, que tem um projeto "equivocado"

"Lamento que uma empresa como a Volkswagen esteja dispensando trabalhadores porque teve um projeto que não deu certo", disse Lula


Alan Marques/Folha Imagem
O presidente Lula durante a apresentação, no Palácio do Planalto, de novos veículos da Fiat


EDUARDO SCOLESE
PEDRO DIAS LEITE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva culpou a Volkswagen pela crise que levou à demissão de ao menos 1.800 trabalhadores, criticou a montadora e elogiou uma de suas principais concorrentes, a Fiat.
"Porque eu vejo o noticiário, lamento profundamente que uma empresa como a Volkswagen esteja dispensando trabalhadores, e ela está dispensando porque teve um projeto que não deu certo. Em compensação, a Fiat vem aqui e, além de anunciar dois carros que ela está estudando profundamente -um que vai entrar no mercado e outro que está em pesquisa-, me dá a alegria de dizer que está contratando funcionários, numa demonstração de que o problema não é do setor automobilístico, é da Volkswagen", disse Lula.
O presidente tinha acabado de participar de uma cerimônia de apresentação de dois carros da Fiat, no Palácio do Planalto. Um Palio elétrico e um Siena tetrafuel, que roda com quatro combustíveis: gasolina pura, gasolina brasileira (com 20% de álcool), álcool hidratado e gás natural (GNV).
A Volks anunciou nesta semana um plano de reestruturação de sua fábrica em São Bernardo do Campo (ABC paulista), onde trabalhavam 12,4 mil funcionários, e afirma que tem de fazer as demissões, sob o risco de fechar a fábrica se não levar adiante o projeto. A medida gerou protestos em outras unidades espalhadas pelo país, com greves e paralisações.
Além disso, o BNDES suspendeu a liberação de um empréstimo de R$ 491 milhões para a Volks, acertado em maio, até que a empresa conclua as negociações com o sindicato. Oficialmente, o governo informou que essa decisão não tem relação com as demissões, mas com os investimentos planejados pela montadora no país.

Projeto equivocado
Lula atribuiu a crise a um projeto "equivocado" e defendeu que, no geral, a indústria continua forte. "Então a Volkswagen vai ter de readequar o seu projeto, ou seja, quando as pessoas se equivocam com seus projetos, seus produtos, é normal numa empresa, a empresa tem de refazer o seu produto, se o mercado não assimilou determinado produto", disse Lula.
"A indústria automobilística vai bem, ela está produzindo muito, está vendendo muito no mercado interno, está exportando muito. E vamos ver ainda se conversamos com a Volkswagen. Quem sabe, ter um produto que possa conquistar o mercado brasileiro e contratar mais trabalhadores do que ela demitiu", afirmou.
Em entrevista na quarta-feira, Lula já tinha deixado claro seu descontentamento com a demissão dos trabalhadores e disse que gostaria de ter sido avisado pela montadora.
As críticas à Volks ganham ainda mais contundência quando colocadas em contraste com os elogios à Fiat. "Agora, a minha alegria hoje é por conta da criatividade da Fiat, que sai na frente. É o primeiro carro no mundo tetrafuel. Daqui a pouco eles vão inventar o hexafuel. É um carro que acho que o mundo vai se encantar por ele, porque dá quatro opções de combustível para o motorista, sobretudo os motoristas de táxi vão ficar fanáticos pelo carro."


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