São Paulo, terça-feira, 02 de setembro de 2008

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Lula "inaugura" hoje exploração de óleo no pré-sal no ES

Camada de sal no campo de Jubarte, localizado no sul do Espírito Santo, tem apenas 200 metros de profundidade

Na bacia de Santos, no litoral paulista, será preciso perfurar camada de sal de mais de 2.000 m, a uma profundidade de 7.000 m

ROBERTO MACHADO
ENVIADO ESPECIAL A VITÓRIA (ES)

Faltando um mês para as eleições municipais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva inaugura hoje a produção de petróleo na camada do pré-sal no campo de Jubarte, na bacia de Campos, localizado no litoral sul do Espírito Santo, em operação que suaviza as reais condições a serem enfrentadas na nova área descoberta.
Do ponto de vista operacional, no campo de Jubarte a camada de sal tem apenas 200 metros, enquanto só a camada de sal a ser atravessada na bacia de Santos pode superar 2.000 metros -com profundidade total de 7.000 metros.
Ao contrário do grande potencial existente na bacia de Santos -onde só para o campo de Tupi são estimadas reservas de até 8 bilhões de barris-, a Petrobras não divulgou projeções sobre as reservas do pré-sal de Jubarte. Segundo técnicos da estatal, ainda serão necessários novos testes.
Em entrevista concedida ontem, o diretor de Exploração e Produção da Petrobras, Guilherme Estrella, disse que o principal ganho a ser obtido na produção do pré-sal no Espírito Santo é o de acumular experiência prática. "É uma espécie de poço-escola, em que produzimos para ver como o reservatório se comporta. Para a Petrobras, é algo muito importante: são os primeiros dados para comprovar a existência de uma grande reserva petrolífera [toda a camada pré-sal, que vai do litoral do Espírito Santo ao de Santa Catarina], que até já está mapeada pela Petrobras."
Segundo Estrella, as informações disponíveis hoje mostram que o pré-sal da bacia de Santos é "mais expressivo" do que o da bacia de Campos. Mas o diretor da Petrobras destacou que o importante era unir exploração e produção logo na primeira etapa de desenvolvimento do projeto.
"É a primeira fase de uma longa etapa de conhecimento e que vamos iniciar já com produção. É o que chamamos de explotação: ao mesmo tempo em que recolhemos dados e conhecimentos exploratórios, também vamos produzir. É isso o que faremos amanhã [hoje].
E, em março do ano que vem, em Tupi", disse.

Volume espetacular
Do ponto de vista da produção, o gerente da estatal para exploração no Espírito Santo, Márcio Félix, disse que se trata de um volume "espetacular": "São 18 mil barris por dia, o que, para um poço exploratório, é espetacular".
Félix disse que, em 2007, já sob o horizonte descortinado pela descoberta de Tupi, a unidade do Espírito Santo decidiu retomar a pesquisa feita na região onde está o poço que hoje entra em operação: "O poço exploratório já havia sido feito.
Completamos o poço, com uma linha flexível que aproveitamos de outro projeto, e conectamos a uma plataforma que já está em produção desde dezembro de 2006. É investimento modesto, que permite acessar a camada do pré-sal e obter dados fundamentais para o desenvolvimento dessa nova região".
Estrella disse que existe risco de os reservatórios no pré-sal do Espírito Santo não corresponderem às estimativas mais otimistas da Petrobras, mas que isso "faz parte do negócio": "Esse é o procedimento da indústria. As perspectivas são muito interessantes, expressivas. É preciso correr o risco, vamos produzir, perfurar mais. Isso leva em consideração o aspecto econômico. Trata-se de um teste de longa duração".


Colaborou CIRILO JÚNIOR, da Folha Online, no Rio


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