São Paulo, quarta-feira, 02 de outubro de 2002

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EM TRANSE

Intervenções foram nos dias 24, 25 e 30 do mês passado; na maior delas, anteontem, foram gastos US$ 350 mi

BC torra US$ 700 mi para segurar o dólar

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco Central vendeu cerca de US$ 700 milhões nas intervenções feitas nos dias 24, 25 e 30 de setembro para tentar evitar a alta do dólar, cuja cotação rondou a casa de R$ 4. A maior intervenção, de US$ 350 milhões, foi anteontem, segundo o diretor de Política Monetária do BC, Luiz Fernando Figueiredo.
Na semana passada, conforme dados que o BC já havia divulgado, foram vendidos cerca de US$ 260 milhões na intervenção do dia 24. Nesse caso, o valor é calculado a partir da variação das reservas cambiais do país. As vendas foram feitas na véspera do vencimento de títulos cambiais.
No dia 25, conforme dados da variação das reservas do BC, foram vendidos cerca de mais US$ 100 milhões. Anteontem, o BC vendeu mais dólares do que o normal porque a cotação da moeda chegou a R$ 3,967, mas fechou em R$ 3,76. A taxa de câmbio daquele dia foi a utilizada para calcular o rendimento dos papéis cambiais que venceram ontem.
Figueiredo afirmou que, na véspera de grandes vencimentos, procura-se atuar de maneira mais agressiva para conter o nervosismo natural dessas datas.
O BC avalia que a disparada do dólar ocorrida nos últimos dias não foi provocada pelos vencimentos de parcelas da dívida cambial do governo, e sim pela proximidade das eleições.
Segundo Figueiredo, o mercado vive uma "neurose" em torno do processo eleitoral: "Estamos a menos de uma semana desse evento [das eleições", e essa ansiedade se reflete no câmbio".
Na avaliação do BC, não houve manipulação da taxa de câmbio por causa dos vencimentos da dívida, pois o comportamento dos investidores estaria sendo influenciado, principalmente, pela proximidade das eleições.
Figueiredo não quis falar sobre uma eventual mudança na política de intervenções do BC de agora em diante. "Entendemos que ela [a política" é agressiva no volume correto. As reservas [internacionais" devem ser utilizadas da maneira mais responsável possível."
O diretor do BC disse que o nível atual da taxa de câmbio não reflete a situação real da economia e que o nervosismo deve se dissipar após as eleições. "Nós não concordamos com isso [a alta do dólar". É uma neurose", disse.
Segundo ele, a ansiedade dos investidores em torno do resultado das eleições é normal. "Em todos os países que adotam o câmbio flutuante, a moeda sempre se desvaloriza em ano de eleição. Quando ficar clara a política do novo governo, o câmbio vai voltar ao normal e o país voltará a crescer."


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