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Lojas partem para o "matar ou morrer"
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O varejo e a indústria precisam
sentar na mesa de negociação
agora e decidir o que fazer: fechar
de forma antecipada os contratos
de mercadorias que serão entregues no início de 2003, quando assume o novo governo, ou deixar
para fechar no prazo normal. É o
que o mercado tem classificado
como operação "matar ou morrer". As empresas estão decidindo
isso agora, mas há grupos querendo antecipar a operação.
Se fecharem acordos para a entrega de importados no prazo habitual, as lojas vão ter de pagar o
preço que a moeda americana estiver valendo em 2003 -o que
embute um risco na operação caso o dólar siga em escalada.
Se as redes ficam com a segunda
opção e fecham contratos antecipadamente, compram o produto
com o dólar de hoje, a R$ 3,60.
Mas só pagam quando a encomenda chega ao país -o que
também é arriscado, já que ninguém sabe qual será o valor do
dólar quando a mercadoria, para
venda no primeiro trimestre de
2003, for entregue. A saída: fazer
hedge -comprar dólares e guardar no caixa para fazer o pagamento do negócio-, o que é um
mecanismo caro de proteção
cambial. Ou seja, nesse caso, as
saídas são parte do problema.
O Carrefour, por exemplo, está
traçando a estratégia agora. Há a
possibilidade de a rede antecipar
as negociações de entrega de importados (que são vendidos no
primeiro trimestre), de novembro e dezembro para outubro. Isso caso acredite que a moeda subirá. A empresa ainda não bateu o
martelo.
A rede já antecipou em junho as
compras natalinas e negociou, na
época, a cotação das mercadorias
que serão vendidas em dezembro.
Fechou contratos com dólar a R$
2,40, em média.
Isso funciona da seguinte forma: o varejo chama as empresas e
"trava" os pedidos segundo o
Ptax (preço médio do dólar, medido diariamente pelo BC). Se o
dólar tiver disparado no momento da entrega do produto, a rede
ganha -pois pagou o valor mais
baixo. Se a moeda desaba, a companhia perde dinheiro.
Para evitar muitas perdas, o
Carrefour, por exemplo, fez hedge. Com dólares em caixa, não
precisará recorrer ao mercado na
hora de pagar os importados.
"Agora temos de apostar em algo. Estamos preparando a estratégia para o primeiro trimestre para
ver como fecharemos os contratos", diz Luis Carlos Costa, diretor
de mercadorias do Carrefour.
Gatilho às avessas
O Pão de Açúcar, concorrente
direto do Carrefour, também já
montou sua estratégia. Criou um
"gatilho" de preços às avessas.
A rede negociou com importadores a entrega de itens com base
no dólar atual, ou seja, numa cotação elevada. Se o negócio for fechado e o valor da moeda cair, os
fornecedores precisarão, entretanto, reduzir seus preços de
acordo com a queda na cotação
da moeda americana.
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