FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

As empresas listadas na Bovespa passaram a valer US$ 37 bilhões a menos no mês passado. Desde 93, o valor de mercado das empresas negociadas na Bolsa não caía para níveis tão baixos.
No ano, essas perdas superam US$ 90 bilhões. Juntas, as 407 empresas que mantêm capital aberto na Bolsa de Valores de São Paulo encerraram setembro valendo US$ 94,8 bilhões. No final do ano passado, essa cifra superava US$ 185 bilhões.
É como se mais de três Petrobras, pelo seu valor de mercado, tivessem desaparecido da Bovespa somente em setembro. A Petrobras é a companhia de capital aberto com maior valor de mercado (US$ 10,8 bilhões no final do mês passado).
Mas, mesmo com preços muito inferiores aos de alguns meses, as ações negociadas no mercado local ainda não se tornaram atraentes para os investidores.
"Esse quadro só deve começar a se alterar após o mercado conhecer quem será o novo presidente e sua equipe econômica. A partir daí, há espaço para a Bolsa viver até um momento de euforia, se considerarmos as fortes perdas acumuladas no ano", afirma Luiz Antonio Vaz das Neves, diretor da corretora Planner.
Os estrangeiros, que já retiraram R$ 1,84 bilhão da Bovespa neste ano, terão papel importante na recuperação do mercado acionário brasileiro, avaliam analistas.

Ações em baixa
A crise da Bolsa começou a se acentuar em junho. No mercado internacional, as Bolsas também não vivem um bom momento, agravado pelos escândalos de fraudes em balanços envolvendo grandes companhias norte-americanas, que abalaram a confiança dos investidores.
Após a trégua dada em agosto, o Ibovespa -índice que acompanha a oscilação dos preços dos 55 principais papéis da Bovespa- encerrou setembro com a maior queda mensal acumulada (16,95%) em um ano.
Além da forte desvalorização da Bolsa no ano, que supera 33%, a disparada da moeda norte-americana pulverizou o valor das ações em dólares. Em janeiro de 2001, por exemplo, o valor de mercado das empresas negociadas na Bolsa era de US$ 250 bilhões.
"O mercado já trabalha com a expectativa de que o próximo governo, seja qual for, vai optar por um corte nas taxas de juros. Isso deve ser positivo para a Bolsa, pois juros menores podem atrair investidores que hoje apostam em outros segmentos do mercado", diz Vaz das Neves.


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