São Paulo, quarta-feira, 02 de outubro de 2002

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Passagens poderão aumentar 4%

LÁSZLÓ VARGA
DA REPORTAGEM LOCAL

O reajuste de 16,3% no preço do querosene de aviação, anunciado ontem pela Petrobras, colocou as companhias aéreas num impasse. Ou elas absorvem o aumento e tentam reduzir custos, sem garantia de sucesso, ou reajustam os preços das passagens e perdem ainda mais clientes. O dilema ocorre num momento em que empresas têm sérias dificuldades financeiras. Segundo um consultor, o peso do combustível nos seus custos passou de cerca de 25% para 30% nos últimos meses.
Na ponta do lápis, o querosene de aviação já sofreu um reajuste de 105,6% desde o início do ano. O aumento médio oficial nos bilhetes das companhias no primeiro semestre foi de 24%.
"O novo aumento no preço do querosene vai dificultar assustadoramente a sobrevivência das empresas", disse o consultor Carlos Martinelli. A Varig registrou no primeiro semestre um prejuízo recorde de R$ 1 bilhão. A TAM, no segundo trimestre de 2002, amargou perdas inéditas de R$ 238,1 milhões.
Segundo um executivo de uma das quatro grandes companhias do setor, o aumento de 16,3% no preço do querosene de aviação resultará em uma alta de 3,2% nos custos finais. Para o presidente do Snea (Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias), George Ermakoff, o reajuste necessário nos preços dos bilhetes variaria de 3,5% a 4%. Ele disse, porém, que "se as companhias aumentarem os valores de seus bilhetes, o número de passageiros diminuirá".
A Varig informou que será obrigada a subir as tarifas. O percentual ainda não foi definido. A TAM disse que avaliará se reajustará as passagens, mas informou que poderá absorver parte do aumento do querosene, pois o mercado está retraído. A Gol afirmou que não deve efetuar reajustes. A Vasp disse que está estudando o assunto.
Entre janeiro e agosto passados, a média de ocupação de assentos nos aviões da Vasp foi de 57%, contra os 62% do mesmo período do ano passado. Na Varig, a retração foi de 62% para 61%. A TAM conseguiu aumentar a taxa de 53% para 56% e a Gol elevou de 59% para 64%.
Cerca de 50% das despesas das companhias aéreas são atreladas à moeda norte-americana. Dados de representantes de agências de viagens para executivos indicam, porém, que empresas aéreas fizeram até reduções nos preços efetivos de seus bilhetes em 2002 para tentar sobreviver à concorrência.
O valor médio das passagens domésticas para executivos teria baixado 9,26% entre janeiro e junho, em comparação ao mesmo período de 2001.


Colaborou PEDRO SOARES, da Sucursal do Rio


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