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TRABALHO
Após reunião com presidente do tribunal, representantes dos bancos afirmam que não vão recuar da proposta já apresentada
Fracassa iniciativa do TST para encerrar greve
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Fracassou a tentativa do TST
(Tribunal Superior do Trabalho)
de mediar as negociações entre
bancos e bancários para acabar
com a greve da categoria.
Ontem, a Fenaban (Federação
Nacional dos Bancos) informou
que não vai ceder na proposta já
apresentada, pois foi atingido, de
acordo com a entidade, o limite
de aumento de custos que os bancos podem suportar.
A proposta da Fenaban -já recusada pela categoria- prevê o
pagamento de reajuste de 8,5% a
12,77%, dependendo da faixa salarial, participação nos lucros e resultados (PLR) no valor de 80%
do salário mais R$ 705 fixos e vale-alimentação no valor de R$ 217.
Os bancários pedem reajuste de
25% (reposição da inflação mais
aumento real de 17,68%), além de
PLR no valor de um salário nominal mais R$ 1.200.
O presidente do TST, Vantuil
Abdala, esteve reunido ontem à
tarde com representantes da entidade e de seis bancos -inclusive
integrantes da diretoria do Banco
do Brasil e da Caixa Econômica
Federal. A conversa ocorreu um
dia depois de Abdala ter se encontrado com líderes do movimento
grevista e de ter se proposto a mediar, informalmente, as negociações entre as duas partes.
"Lamento não ter uma notícia
boa como era a expectativa de todos nós", disse o presidente aos
jornalistas logo depois da reunião
com os bancos. "Esperamos que
num determinado momento vá
haver uma solução negociada,
mas não temos previsão disso de
imediato", acrescentou Abdala.
A expectativa dele era que na segunda-feira fosse possível reunir
empregados e empregadores na
mesa de negociação para acabar
com o impasse. O convite, porém,
nem chegou a ser feito aos representantes dos bancos. "Não tive
condições de marcar nada porque
não tivemos nada de concreto."
Segundo relato do ministro, ele
deixou claro na reunião com os
empregadores que, se houver prejuízos para a sociedade, a saída será a menos desejada pelas partes:
o dissídio coletivo. Apenas empregados, empregadores ou o Ministério Público podem entrar
com dissídio coletivo no tribunal.
Nesse caso, o TST leva entre dez e
15 dias para julgar o conflito trabalhista. "Por enquanto, não estamos vivendo um momento grave", afirmou. A greve dos bancários já dura 18 dias e é mais longa
dos últimos 14 anos.
Ao ser questionado sobre qual
teria sido o motivo do fracasso,
Abdala declarou: "Estamos em
um momento da greve em que há
dificuldade de entendimento entre as partes envolvidas".
De acordo com o coordenador
de negociações trabalhistas da Fenaban, Magnus Apostólico, se os
trabalhadores oferecerem uma
proposta que não implique elevação dos custos previstos na versão
já apresentada, a negociação com
os bancários pode evoluir. "O "ceder" ocorreu ao longo do processo
negocial", disse ele.
Apostólico lembrou que a proposta em questão foi negociada
entre os sindicalistas e os bancos,
mas acabou sendo rechaçada pela
base da categoria. "Não podemos
concordar com a oneração da
proposta além do que já foi colocado", afirmou.
Segundo ele, de 50% a 60% dos
custos dos bancos são referentes
aos gastos com mão-de-obra.
Ele afirmou ainda que são gastos R$ 25 bilhões por ano com
pessoal. A participação dos bancários nos lucros teria um impacto de R$ 2,5 bilhões, de acordo
com a Fenaban.
Apostólico disse que não haverá
reunião na próxima segunda-feira com os bancários, mas ressaltou que os empregadores não estão fechados à negociação.
No momento, de acordo com
ele, não existe a possibilidade de
as instituições financeiras entrarem com dissídio.
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