São Paulo, sábado, 02 de outubro de 2004

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TRABALHO

Após reunião com presidente do tribunal, representantes dos bancos afirmam que não vão recuar da proposta já apresentada

Fracassa iniciativa do TST para encerrar greve

JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Fracassou a tentativa do TST (Tribunal Superior do Trabalho) de mediar as negociações entre bancos e bancários para acabar com a greve da categoria.
Ontem, a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) informou que não vai ceder na proposta já apresentada, pois foi atingido, de acordo com a entidade, o limite de aumento de custos que os bancos podem suportar.
A proposta da Fenaban -já recusada pela categoria- prevê o pagamento de reajuste de 8,5% a 12,77%, dependendo da faixa salarial, participação nos lucros e resultados (PLR) no valor de 80% do salário mais R$ 705 fixos e vale-alimentação no valor de R$ 217. Os bancários pedem reajuste de 25% (reposição da inflação mais aumento real de 17,68%), além de PLR no valor de um salário nominal mais R$ 1.200.
O presidente do TST, Vantuil Abdala, esteve reunido ontem à tarde com representantes da entidade e de seis bancos -inclusive integrantes da diretoria do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal. A conversa ocorreu um dia depois de Abdala ter se encontrado com líderes do movimento grevista e de ter se proposto a mediar, informalmente, as negociações entre as duas partes.
"Lamento não ter uma notícia boa como era a expectativa de todos nós", disse o presidente aos jornalistas logo depois da reunião com os bancos. "Esperamos que num determinado momento vá haver uma solução negociada, mas não temos previsão disso de imediato", acrescentou Abdala.
A expectativa dele era que na segunda-feira fosse possível reunir empregados e empregadores na mesa de negociação para acabar com o impasse. O convite, porém, nem chegou a ser feito aos representantes dos bancos. "Não tive condições de marcar nada porque não tivemos nada de concreto."
Segundo relato do ministro, ele deixou claro na reunião com os empregadores que, se houver prejuízos para a sociedade, a saída será a menos desejada pelas partes: o dissídio coletivo. Apenas empregados, empregadores ou o Ministério Público podem entrar com dissídio coletivo no tribunal. Nesse caso, o TST leva entre dez e 15 dias para julgar o conflito trabalhista. "Por enquanto, não estamos vivendo um momento grave", afirmou. A greve dos bancários já dura 18 dias e é mais longa dos últimos 14 anos.
Ao ser questionado sobre qual teria sido o motivo do fracasso, Abdala declarou: "Estamos em um momento da greve em que há dificuldade de entendimento entre as partes envolvidas".
De acordo com o coordenador de negociações trabalhistas da Fenaban, Magnus Apostólico, se os trabalhadores oferecerem uma proposta que não implique elevação dos custos previstos na versão já apresentada, a negociação com os bancários pode evoluir. "O "ceder" ocorreu ao longo do processo negocial", disse ele.
Apostólico lembrou que a proposta em questão foi negociada entre os sindicalistas e os bancos, mas acabou sendo rechaçada pela base da categoria. "Não podemos concordar com a oneração da proposta além do que já foi colocado", afirmou.
Segundo ele, de 50% a 60% dos custos dos bancos são referentes aos gastos com mão-de-obra.
Ele afirmou ainda que são gastos R$ 25 bilhões por ano com pessoal. A participação dos bancários nos lucros teria um impacto de R$ 2,5 bilhões, de acordo com a Fenaban.
Apostólico disse que não haverá reunião na próxima segunda-feira com os bancários, mas ressaltou que os empregadores não estão fechados à negociação.
No momento, de acordo com ele, não existe a possibilidade de as instituições financeiras entrarem com dissídio.


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