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São Paulo, domingo, 02 de novembro de 2003

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Industriais temem que plano para o setor seja lançado sem muito vigor, já que discussões ainda são precoces

Política ainda é ensaio, dizem empresários

Jorge Araújo - 19.set.03/Folha Imagem
Linha de produção em fábrica de brinquedos em São Paulo; Abrinq diz que negociações de política industrial estão só no começo


FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar de o governo ter reinstalado fóruns de competitividade de alguns setores e solicitado diagnósticos de outros, representantes de oito associações industriais ficaram surpresos com a informação de que a política industrial de Lula será fechada dia 19.
Os empresários dizem que as conversas com o governo para implementar uma política industrial estão apenas em fase de ensaio. Isto é, os fóruns de competitividade, instalados há três meses, apenas começaram a discutir os problemas das indústrias. Eles temem que seja lançada uma política industrial sem muito gás.
"Tivemos duas reuniões até agora para debater a competitividade do setor eletroeletrônico, mas as discussões não andaram. Foram dois encontros voltados para tratar de diagnósticos, que não resultaram em propostas concretas", diz Paulo Saab, presidente da Eletros, associação que reúne a indústria eletroeletrônica.
O setor eletroeletrônico deseja, basicamente, o que todos a indústria quer: a desoneração da produção. Isso significa, por exemplo, pagar menos impostos e ter acesso a linhas de financiamento mais baratas.
Mas o setor também tem propostas específicas: os empresários querem, por exemplo, que a Zona Franca de Manaus (ZFM), onde está instalada a indústria de imagem e som, faça parte das negociações com o Mercosul para também se beneficiar, por exemplo, de isenções de impostos. "Essa discussão não evoluiu", diz Saab.
Sérgio Galdieri, vice-presidente da Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica), informa que o setor começou a conversar com o governo em junho, mas, até agora, não houve conclusão.
O fórum de competitividade do setor de bens de capital foi instalado em outubro a pedido dos fabricantes do setor. "Lula pretende estabelecer uma política industrial, mas, infelizmente, isso ainda não aconteceu", afirma Luiz Carlos Delben Leite, presidente da Abimaq, associação que reúne a indústria de máquinas.
"Numa escala de um a dez, a velocidade do governo para discutir política industrial com os empresários está em três", afirma Synésio Batista da Costa, presidente da Abrinq, associação que reúne os fabricantes de brinquedos. "É bom, é ruim, não sei, mas pelo menos está andando." Ele considerou "estapafúrdia" a informação de que o governo está para concluir uma política industrial. "O governo apenas começou a discussão com alguns setores."
A indústria do vestuário mantém desde o governo Fernando Henrique Cardoso discussões para aumentar a competitividade e a produtividade. "Tivemos algumas reuniões com o governo, e as propostas foram encaminhadas. Agora, se o governo está olhando isso, não sabemos", afirma Roberto Chadad, presidente da Abravest, associação da indústria do vestuário.
Os representantes das oito associações industriais consultadas pela Folha consideram que ações macroeconômicas, como redução de taxas de juros, ampliação de linhas de financiamento, estímulo à exportação e reformas tributária e trabalhista, podem puxar o setor industrial. Mas entendem que alguns setores precisam de estímulos específicos. Se a estratégia do país é elevar o saldo da balança comercial, por exemplo, deve ter uma política industrial específica para os exportadores.



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