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PESQUISA
Sob risco de demissão, maioria dos paulistanos aceita reduzir salário
Lei favorece mais o capital
que o trabalho, diz maioria
DA REDAÇÃO
Apesar de em geral mal informados sobre a mudança da lei do
trabalho, a maioria dos paulistanos não só apóia o projeto do governo como acredita que seus
efeitos vão causar mais prejuízos
do que benefícios para os trabalhadores: é a opinião de 51% dos
moradores de São Paulo ouvidos
pelo Datafolha na sexta-feira passada. Para apenas 41% deles o
projeto de lei do governo deve
causar mais benefícios do que
prejuízos para os empregados.
Quem ganha mais de 20 salários
mínimos, ou R$ 3.600, tem a opinião mais favorável sobre o efeito
da mudança sobre os trabalhadores -54% avaliam que os empregados terão mais benefícios do
que prejuízos caso o projeto de lei
venha a ser aprovado.
As empresas seriam mais beneficiadas do que prejudicadas pela
"nova CLT" para 71% dos paulistanos. Em caso de mudança da lei,
o nível de desemprego vai aumentar ou continuar como está na
opinião de 80% dos entrevistados
pelo Datafolha.
Oposição na prática
Na prática, os paulistanos não
parecem claramente decididos a
aceitar alguns efeitos prováveis da
mudança da lei em tempos de crise, tais como redução de salários,
por exemplo: em geral, 76% não
aceitariam um acordo para reduzi-los; 70% rejeitariam parcelar
seu 13º salário, 67% seriam contrários ao parcelamento do período de férias de 30 dias.
Mas, no caso de a proposta vir
acompanhada do risco de demissões na empresa, a oposição ao
corte dos rendimentos do trabalho cai para 42%. Sob ameaça de
corte de empregos, 44% dos paulistanos aceitariam modificar a
forma de pagamento do 13º e outros tantos negociariam o parcelamento de suas férias.
Os mais propensos a negociar
direitos sob ameaça de demissão
são os mais bem pagos e os mais
instruídos. Entre os que ganham
mais de R$ 3.600, 78% aceitariam
um acordo de redução de salários,
para mudar o pagamento do 13º e
sobre a forma do gozo de férias.
Os trabalhadores que recebem
menos de R$ 1.800 são os menos
inclinados a abrir mão de seus direitos trabalhistas a fim de evitar
demissões na empresa, embora a
maioria deles também aceite corte de salários (54%), receber o 13º
salário em outra época que não
dezembro (52%) ou parcelar suas
férias (52%).
Flexibilização na prática
Os principais direitos trabalhistas previstos na Constituição são
negados a parte significativa dos
trabalhadores de São Paulo. Declaram não ter direito ao 13º salário 40% dos paulistanos; 42% não
gozam 30 dias de férias anuais;
29% nem mesmo têm direito ao
descanso semanal. O pagamento
de horas extras é um direito de
papel para 68%; o adicional noturno é negado a 80% dos trabalhadores ouvidos pelo Datafolha.
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