São Paulo, domingo, 02 de dezembro de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PESQUISA

Sob risco de demissão, maioria dos paulistanos aceita reduzir salário

Lei favorece mais o capital que o trabalho, diz maioria

DA REDAÇÃO

Apesar de em geral mal informados sobre a mudança da lei do trabalho, a maioria dos paulistanos não só apóia o projeto do governo como acredita que seus efeitos vão causar mais prejuízos do que benefícios para os trabalhadores: é a opinião de 51% dos moradores de São Paulo ouvidos pelo Datafolha na sexta-feira passada. Para apenas 41% deles o projeto de lei do governo deve causar mais benefícios do que prejuízos para os empregados.
Quem ganha mais de 20 salários mínimos, ou R$ 3.600, tem a opinião mais favorável sobre o efeito da mudança sobre os trabalhadores -54% avaliam que os empregados terão mais benefícios do que prejuízos caso o projeto de lei venha a ser aprovado.
As empresas seriam mais beneficiadas do que prejudicadas pela "nova CLT" para 71% dos paulistanos. Em caso de mudança da lei, o nível de desemprego vai aumentar ou continuar como está na opinião de 80% dos entrevistados pelo Datafolha.

Oposição na prática
Na prática, os paulistanos não parecem claramente decididos a aceitar alguns efeitos prováveis da mudança da lei em tempos de crise, tais como redução de salários, por exemplo: em geral, 76% não aceitariam um acordo para reduzi-los; 70% rejeitariam parcelar seu 13º salário, 67% seriam contrários ao parcelamento do período de férias de 30 dias.
Mas, no caso de a proposta vir acompanhada do risco de demissões na empresa, a oposição ao corte dos rendimentos do trabalho cai para 42%. Sob ameaça de corte de empregos, 44% dos paulistanos aceitariam modificar a forma de pagamento do 13º e outros tantos negociariam o parcelamento de suas férias.
Os mais propensos a negociar direitos sob ameaça de demissão são os mais bem pagos e os mais instruídos. Entre os que ganham mais de R$ 3.600, 78% aceitariam um acordo de redução de salários, para mudar o pagamento do 13º e sobre a forma do gozo de férias.
Os trabalhadores que recebem menos de R$ 1.800 são os menos inclinados a abrir mão de seus direitos trabalhistas a fim de evitar demissões na empresa, embora a maioria deles também aceite corte de salários (54%), receber o 13º salário em outra época que não dezembro (52%) ou parcelar suas férias (52%).

Flexibilização na prática
Os principais direitos trabalhistas previstos na Constituição são negados a parte significativa dos trabalhadores de São Paulo. Declaram não ter direito ao 13º salário 40% dos paulistanos; 42% não gozam 30 dias de férias anuais; 29% nem mesmo têm direito ao descanso semanal. O pagamento de horas extras é um direito de papel para 68%; o adicional noturno é negado a 80% dos trabalhadores ouvidos pelo Datafolha.


Texto Anterior: Pesquisa: Paulistano está dividido sobre mudanças na CLT
Próximo Texto: Trabalhador ganhou em 60% dos acordos salariais
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.