São Paulo, domingo, 02 de dezembro de 2001

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PESQUISA

52% apóiam modificar lei do trabalho; maioria está mal informada

Paulistano está dividido sobre mudanças na CLT

DA REDAÇÃO

A maioria dos paulistanos -61%- está mal informada ou nem tomou conhecimento do projeto de lei que muda a legislação trabalhista, isto é, que permite a sindicatos de trabalhadores e empresas acertarem acordos que suspendem ou alteram pontos da CLT, a Consolidação das Leis do Trabalho.
Entre os que tomaram conhecimento do projeto de lei do governo, 47% são a favor da sua aprovação pelo Congresso e 46% são contra, segundo pesquisa Datafolha realizada na sexta-feira passada na cidade de São Paulo.
No total, os paulistanos que apóiam a mudança vencem os que a ela se opõem por 52% a 40%. Na quarta-feira passada, uma votação na Câmara -que acabou anulada pela quebra do painel de registro de votos- mostrou que 55,3% contra 44,7% dos deputados aprovariam a lei.
Apesar de aprovarem a mudança defendida pelo ministro do Trabalho, Francisco Dornelles, e pelas associações e sindicatos empresariais, apenas 39% dos moradores de São Paulo se dizem bem ou mais ou menos informados sobre a alteração da CLT, que completou 58 anos no dia 10 de novembro. Nem ao menos tomaram conhecimento do projeto de mudança 45% dos paulistanos; outros 16% se dizem mal informados sobre o assunto.
Os argumentos de sindicatos e partidos de esquerda, de um lado, e os do governo e empresários a respeito dos efeitos da mudança parecem de certo modo orientar a disposição dos paulistanos em aceitar ou não o projeto de lei.
Governo e empresários, assim como muitos economistas, afirmam que a chamada flexibilização da CLT teria efeito positivo sobre a criação de empregos ou aumentaria a legalização do trabalho -isto é, o número de carteiras assinadas.
Os trabalhadores sem carteira (63%) e os autônomos regulares (64%) estão entre os que mais dão apoio à aprovação da mudança da CLT. O grupo mais afinado com o projeto do governo é o dos paulistanos que ganham mais de R$ 3.600 -66% apóiam a mudança.
A CUT, central sindical à esquerda, partidos e intelectuais de esquerda e oposição ao governo Fernando Henrique Cardoso argumentam que, tal como proposta, a mudança da CLT acarretaria perda ou redução de direitos como férias, 13º salário e adicional de salário para horas extras. Os trabalhadores sindicalizados (54%) e assalariados com carteira assinada (49%) estão entre os que mais se opõem à flexibilização.
Os mais bem informados sobre o projeto de lei do governo entre os moradores de São Paulo são os mais bem pagos e mais instruídos: 89% dos que recebem mais de R$ 3.600 e daqueles que completaram o curso superior.


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